Em meio a uma pandemia, era urgente para o Flamengo manter Jorge Jesus. Pelo menos por mais uma temporada. Com o calendário previsto para se estender até janeiro, o clube conseguiu um acordo até junho de 2021 nos mesmos moldes do atual vínculo. E terá um custo anual elevado em pouco mais de R$ 5 milhões, sem contar os impostos. Na visão da diretoria, dentro da nova previsão orçamentária conservadora já discutida. Para Jesus, aquém do esperado, mas o mínimo valor possível no atual cenário.

Os dois lados cederam e se mostraram satisfeitos. Embora o acordo ainda vá ser assinado. Jesus, que chegou a sinalizar uma pedida anual de 7 milhões de euros ao fim de um 2019 de conquistas históricas, acabou abrindo mão de bastante dinheiro e aceitou receber praticamente a metade – 3,5 milhões de euros – por todo o contrato. Um reajuste quase que simbólico se comparado ao acordo anterior. Antes, o custo anual era 3,3 milhões de euros.

O ponto é que a cotação do euro do primeiro contrato estava em R$ 4,40. Agora, chega a quase R$ 6. Ou seja, o custo com Jesus pulou de R$ 14,5 para R$ 20 milhões na cotação do dia. A ideia do Flamengo de congelar o euro acabou superada pelo pequeno reajuste salarial acordado. O acordo, que termina na janela de verão para a Europa, tem multa rescisória no seu decorrer, mas Jesus pode seguir seu rumo em caso de proposta de clubes de ponta do Velho Continente antes de junho.

Embora a instabilidade da moeda europeia prejudique o Flamengo, o clube tem a seu favor os recebimentos em euro. E também combinou com o treinador e seu advogado que deve haver bom senso para que a cotação prevista em contrato não aproveite uma onda de alta. Outra questão que foi favorável ao Flamengo foram as premiações, com valores inalterados. Jesus e sua comissão técnica receberão 1 milhão de euros pelo título brasileiro e 1,5 milhão de euros pela Libertadores.

Toda essa fatura se eleva com o euro mais alto. Principalmente os impostos, que fazem o gasto anual praticamente dobrar. Na conta do Flamengo, Jesus ainda tem despesas de aluguel e motorista por conta do clube desde o ano passado, e tudo se manterá. Assim como a comissão técnica numerosa e suas premiações muito mais altas do que para os demais funcionários do clube. Longe da frieza dos números, o trunfo foi mesmo a boa relação de Jesus com o elenco e os dirigentes Marcos Braz e Bruno Spindel.

A ponto de o advogado do treinador, Bruno Macedo, chegar a ficar fora das últimas reuniões que antecederam o acordo. Os presentes admitiram que Jesus “abriu mão de muita coisa”. Mas que o Flamengo também fez um grande esforço para manter um técnico de patamar europeu diante da debandada de receitas. Tanto que não se importou muito com Jesus anunciando a renovação sem que o contrato tenha sido assinado. O documento sai do forno nos próximos dias, e aí o Flamengo fará anúncio oficial.