FUTEBOL DE RESULTADOS

Honestamente, fica difícil explicar pra vocês o que estou sentindo. Mais ou menos nessa mesma época no ano passado, o futebol que o Flamengo jogava me enchia os olhos. Encurralávamos nossos adversários, tínhamos SEMPRE maior posse de bola, o domínio do jogo, e isso me proporcionava grande prazer, por identificar nesse estilo o verdadeiro DNA rubronegro. O problema é que desperdiçávamos uma infinidade de oportunidades, convivíamos com seguidas falhas individuais e, como consequência, não chegávamos a lugar nenhum.

Hoje, o futebol que temos jogado chega a me irritar profundamente, na maior parte do tempo. Um futebol FEIO, que constantemente apela para “ligação direta”, pela incapacidade de trocar três passes certos. Que prefere dar a bola para o adversário jogar e ficar esperando por um contra ataque. E, pior do que tudo, que chega a abdicar da busca pela vitória, para tentar garantir um empate, fugindo completamente das nossas tradições.

Só que, nesta mesma época do ano passado, estava tentando digerir mais uma eliminação na fase de grupos da Libertadores, enquanto, hoje, me vejo classificado por antecipação para a próxima fase dessa mesma Libertadores, classificado para a próxima fase da Copa do Brasil e líder isolado do Brasileiro (com média, de Campeão, de 2 pontos por rodada), mesmo tendo sido gravemente prejudicado por arbitragens.

E AÍ ??? COMO contestar esses resultados ???

Mas isso me leva a um novo impasse: Como é que eu, que fui crítico tão feroz do campeão brasileiro do ano passado, pela forma medíocre e covarde que atuava, posso, hoje, aprovar meu time jogando da mesma forma? E, ao mesmo tempo, como posso não estar feliz com os resultados que temos conseguido jogando assim?

Para embaralhar um pouco mais minhas convicções, René tem sido um dos nossos melhores jogadores com frequência, uma dupla de zaga que me proporcionava calafrios se tornou diretamente responsável por termos retomado a liderança e o treinador que eu considerava absolutamente despreparado para o cargo, pelo menos em suas entrevistas pós jogo, identifica exatamente tudo o que tenho visto.

Por falar nele, compreendi totalmente suas alegações de cansaço, desfalques e falta de tempo para treinos específicos, como justificativa para atuações que diferem tanto de nossas tradições. A disputa de três competições, de tanta importância, simultaneamente, inevitavelmente, provoca um desgaste físico (e psicológico) muito acima do aceitável. Como também, sem tempo para treinar, fica MUITO difícil implantar novos métodos e preparar (e entrosar) devidamente os suplentes que precisarão ocupar os lugares de quem nos desfalca.

Mas um elenco com o custo do nosso, e que recebe as melhores condições de trabalho possíveis, não precisa saber conviver com essas dificuldades? Afinal, não somos os únicos a lidar com elas.

Constantemente ouço que equipes, mesmo as de ponta, precisam “aprender a sofrer” para alcançarem seus objetivos. Pois bem, acho que a nossa já teve aulas bastante sobre o tema ultimamente. Só que nós, torcedores, depois da eliminação precoce na Libertadores passada, perdermos duas finais em competições de grande importância e ficarmos de fora das finais do Carioca este ano, já nos consideramos com Pós Doutorado na matéria e estamos precisando de um carinho.

O Flamengo, hoje, é a imagem do profissionalismo, da ética, da transparência e da competência administrativa. E até mesmo os resultados de campo, que cobrávamos com tanta insistência, estão começando a aparecer. Será que seria pedir demais, além de resultados, esperar ter um pouco mais de prazer (e tranquilidade) vendo nosso time jogar? É o MÍNIMO que se pode esperar do Líder de uma competição tão disputada, jogando em casa contra um adversário de segunda página, não acham?

PRA CIMA DELES, MENGÃO !!!

Fonte: null

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