Marcos Vinicius: “Invicta”

Acho uma leviandade quando alguém se intitula torcedor de um time desde nascença, querendo justificar sua forte ligação para o clube que torce.

A maioria dos torcedores apaixonados é assim e Maurício Fernandes Vasquez, de 58 anos, morador de Niterói, é um ponto fora da curva, corroborando com o ditado de que ‘toda regra tem sua exceção’.

Não seria difícil imaginar que qualquer clube seria a paixão deste professor universitário de Jornalismo, menos o Flamengo: “Vasquez, em espanhol, quer dizer ‘filho de Vasco’.

“Sinceramente, acredito que isso vem daquela mania estranha de se trocar o V pelo B e que o correto seria ‘filho de basco’. Mas meu pai foi remador do Vasco da Gama e o capitão da equipe que Lamartine Babo eternizou no hino deles. Ele era capixaba e remava no Saldanha da Gama antes de vir para o Rio de Janeiro”, explica ao Coluna, fazendo questão de frisar que não tem qualquer ligação com a equipe cruzmaltina.

Em seguida, o América teria uma interferência na vida daquele garoto que, aos seis anos de idade, ganhara das mãos calejadas do pai o uniforme completo do ‘Diabo Vermelho’, com a flâmula e a bandeira, numa alusão as cores do Saldanha da Gama (clube tradicional, fundado em 1902, em Vitória, no Espírito Santo, nas cores vermelha e branca e que hoje tem futsal e basquete em seus quadros tendo inclusive revelado Anderson Varejão, que brilhou por 12 temporadas entre 2004 a 2017 jogando pelo Cleveland, na NBA e pelo Flamengo até de 2018 até o comecinho de 2019).

Mas a paixão de Maurício pelo Clube de Regatas do Flamengo seria marcante a partir dos anos 1970 e 1980 a ponto de comprar no ano do primeiro título brasileiro a camisa branca que se tornaria conhecida um ano depois no mundo todo com a conquista do Mundial na terra do sol nascente – creditado no Japão pela criação do nome Nippon (Origem do Sol) para o país do continente asiático.

Batizada de “Invicta”, havia esperança naquela camisa e quiçá naquele time, já que sempre era retirada das gavetas com cheirinho de naftalina – com exceção do Brasileiro de 80 o Flamengo só havia ganhado títulos cariocas e inexpressivos – a ansiedade daquele torcedor era do tamanho da nação rubro-negra: gigantesca!

Mas como o título veio na Libertadores de 1981, que lhe concedeu o direito de jogar o Mundial daquele ano contra os ingleses do Liverpool, a relação mista entre Maurício – que trabalhava no Banco do Estado de Santa Catarina na época – com sua camisa se tornaria mais afetiva sendo utilizada em ocasiões especialíssimas.

Recentemente, o Flamengo é líder isolado do Campeonato Brasileiro com 39 pontos e semifinalista da Libertadores contra o Grêmio – primeira partida acontecerá no dia 2 de outubro, na Arena do Grêmio, no Rio Grande do Sul e a segunda será no estádio do Maracanã, no dia 23 de outubro.

Nas 18 rodadas do Brasileiro ainda não foi vestida pelo apaixonado torcedor que faz questão de salientar que “a ‘Invicta’ só sai da gaveta em jogos finais o que comprova sua eficiência tamanha invencibilidade”.

O professor, prefere com isso utilizar a “Invicta” apenas na final da Libertadores e (quem sabe?) no Mundial, coincidentemente contra o Liverpool.

Até lá, promete entrar em contagem regressiva para tirá-la da gaveta, esfregá-la no nariz para sentir o cheirinho (sem nenhum trocadilho com esse maldito slogan infeliz criado pelo meia Diego em 2016), abraçá-la ao corpo e vesti-la, para enfim, comemorar 38 anos depois, o título de campeão da Libertadores da América.

Por: Marcos Vinicius
Twitter: @ViniciusCharges

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Fonte: https://colunadofla.com/2019/09/marcos-vinicius-invicta/

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