NA BASE DA FOME

Quando, no primeiro jogo, houve aquele choque do atacante colombiano com o Diego Alves, pensei:
– Diego tá dando um “migué”, porque acha que foi pênalti.
Mas quando, depois de já ter se levantado, voltou a cair com enorme expressão de dor, percebi que era sério e me apavorei.

Não poderia ser verdade, que, depois de termos perdido Diego (por dois meses) na fase mais importante da Libertadores, além de Guerrero por suspeita de doping e Everton por problema muscular, no momento mais decisivo do ano, perderíamos também nosso goleiro titular que havia nos devolvido a tranquilidade e segurança debaixo das traves.

E foram necessários pouquíssimos minutos para eu perceber que meus medos eram justificados. Só que, até então, esses medos estavam relacionados apenas com a parte técnica do nosso reserva. Como poderia imaginar que, além das conhecidas limitações, houvesse também doses tão cavalares de inconsequência e irresponsabilidade, em uma partida da qual tínhamos absoluto controle e nos garantiria na principal competição do ano seguinte? Esse cara NÃO TEM mais o direito de vestir nossa camisa.

Quais consequências aquela derrota traria para uma equipe já abalada psicologicamente? Que opções teríamos para a posição, se o reserva imediato ainda se recuperava de uma fratura no pulso?
Vamos de Cesar? Há DOIS ANOS sem disputar uma partida oficial, contra aquele ataque colombiano?
XIIIIIIIIIIIIIIIII Tá com cheiro é de chocolate!

Me veio a lembrança das inúmeras peladas que perdi, quando o adversário jogava com goleiro de verdade e o meu time era obrigado a jogar com o pior de nós fingindo ser.
Com esse quadro pela frente, confesso, baixei a guarda.
– VAI A MERDA, 2017. Que venha logo 2018!

Mas, se uma análise fria, da qual se abstrai a paixão, leva a essa conclusão, ainda consigo me agarrar a um último galho de esperança, lembrando nosso histórico de superação. Afinal, somos especialistas nesse tipo de situação. Não é a toa que ODEIO “Barbadas” e, quando menos esperava, acabei Campeão. Diante disso, tomei uma decisão.

Vou entrar no FlaRJ e buscar o otimismo nos comentários dos amigos que se recusam a desistir. Logo eu, que sou visto como um incorrigível otimista, estava buscando socorro naqueles que tento levantar o astral nos momentos mais difíceis. A vocês, o meu mais sincero MUITO OBRIGADO. Minha tensão, diante de um jogo eliminatório tão problemático, não diminuiu, mas vocês fizeram com que me sentisse na obrigação de continuar acreditando também.

Não chegamos a fazer um bom jogo, é verdade. Como também é verdade que eu estava enganado, quanto apostava que Diego e Everton Ribeiro mostrariam tudo que sabem e nos comandariam para a vitória. Não foram eles. Longe disso!

Como diria Nelson Rodrigues, “estava escrito há um milhão de anos” que a noite de ontem seria Flamenga em toda sua essência. Seriam novamente nossas Crias, que chamariam a responsabilidade e nos conduziriam para mais uma final internacional.

Foram um Paquetá parecendo Kaká, um Vizeu lembrando Nunes, um Cesar incorporando seu homônimo com Julio e um Juan como o Juan de sempre, que mostraram para os trazidos a peso de ouro, que nada produziam, como se joga com essa camisa. Que, diante de tanta burocracia improdutiva dos detentores de Grife, exibiram a FOME de vitória que trouxeram da base.

Não existe nada definido, nada garantido, e nem podemos nos dar ao luxo ainda de comemorar o que quer que seja. Pelo contrário! Nossa partida de domingo é OUTRA FINAL e uma nova vitória é obrigatória. Mesmo um empate será catastrófico, caso as possíveis vitórias de Vasco, Botafogo e Chapecoense se confirmem.

Uma vitória no domingo, e consequente garantia de vaga direta na fase de Grupos da Libertadores do ano que vem, é importante até mesmo para as finais que disputaremos, ao direcionar o foco dessa decisão apenas na conquista, evitando uma pressão e ansiedade desnecessárias por algo que deve ser visto como consequência.

O que podemos, e DEVEMOS, comemorar é um inegável resgate da confiança. Nossa (minha, em particular) e de todo o grupo. Algo absolutamente fundamental para quem tem essas três finais pela frente.
O desgaste físico/emocional é evidente, com tantas longas viagens consecutivas para jogos decisivos em fim de temporada. Mas como não levar em consideração a juventude e capacidade dessa nossa meninada, para superar essa maratona?

Para quem estava querendo olhar 2017 pelas costas, já começo a vê-lo com chances de se tornar Lindo. Visualmente certamente será, pois encerraremos o ano com o nosso palco principal absolutamente colorido de preto e vermelho. Pois então que fique ainda mais, protagonizando a festa da MAIOR DE TODAS, com uma nova conquista histórica e inesquecível em um 13 de dezembro.

PRA CIMA DELES, MENGÃO !!!

Fonte: null

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