O padrão universal do Flamengo​

O título sobre o Athletico veio ao natural em Brasília com uma vitória básica de 3 a 0. A Supercopa tinha um favorito escancarado. Por ser jogo único, bem poderia ter acontecido de o desafiante armar uma estratégia bem-sucedida e desnortear o mais poderoso. Dorival Júnior tentou e conseguiu por determinado tempo de jogo, mesmo sem ter a bola, cortar os caminhos do Flamengo. Às vezes, com pontapés, o que não é perfil do bom treinador do Athletico.

O problema para quem quer que desafie o Flamengo hoje em dia é que o time, literalmente, virou uma máquina. As coisas acontecem naturalmente, há processos que se repetem com sucesso, outros estão sendo introduzidos em 2020, como a função mais aberta de Gabigol para soltar Everton Ribeiro no campo, o que por enquanto tira De Arrascaeta do protagonismo que tinha em 2019. Como são todos grandes jogadores, logo o uruguaio estará cumprindo a função nova com excelência.

Gabigol, Bruno Henrique, Gérson, Rodrigo Caio e Everton Ribeiro têm espaço no elenco da seleção brasileira. Tite comete uma injustiça ao não chamar o capitão do Flamengo. Everton Ribeiro faz coisas no campo que os convocados de sempre de Tite não conseguem fazer.

A nuvem que encobre parte do céu azul do Flamengo permanece. Dirigentes insensíveis ao contexto ainda teimam em nublar o nome reluzente que o Flamengo deveria estar tendo celebrado no mundo inteiro. Enquanto não zerar a dívida enorme que tem junto às famílias dos meninos mortos no Ninho do Urubu, todo elogio ao que o Flamengo faz dentro do campo terá uma vírgula para tratar desta questão que a direção do clube insiste, insensatamente, em demorar a resolver.

No campo, Jorge Jesus está ainda mais à vontade para testar novas funções para seus múltiplos e talentosos jogadores. A derrota por pouco para o Liverpool deu ao time mais corpo. Perdeu, o que é do esporte, mas deixou a impressão de que poderia ter tido melhor sorte. Trazido para o futebol sul-americano, este cenário recente só fez aumentar o favoritismo do Flamengo para a conquista da Libertadores, da Copa do Brasil e do Brasileirão.

Se quiser pensar mais à frente, a direção terá que providenciar reposições tão qualificadas quanto o mercado ofereça para seus laterais diferenciados, mas já com tempo limite para produzirem em alto nível. Rafinha parece mais forte fisicamente do que Filipe Luís, que é preocupação para os médicos desde o fim do ano passado. De resto, o Flamengo já tem qualidade sobrando no banco para poder trocar peças do time sem quebra de padrão.

O padrão universal em que joga o Flamengo hoje é de aplaudir. É um padrão que a própria seleção brasileira, comandada pelo melhor treinador do país, precisa alcançar e ainda não alcançou. Tite vai ter que recorrer a jogadores do Flamengo para elevar o desempenho da Seleção. Com a humildade que ele é capaz de ter para reconhecer que o Flamengo, hoje, está adiantado, como equipe, em relação à própria Seleção.

Fonte: https://globoesporte.globo.com/rs/blogs/vida-real/post/2020/02/16/o-padrao-universal-do-flamengo.ghtml

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