Jorge Jesus acompanhou seu primeiro jogo do Flamengo na temporada 2020 e observou os jovens da base na vitória sobre o Vasco, no Maracanã, pela segunda rodada do Estadual. Lucas Silva fez o gol da vitória.

Da cabine do estádio, ao lado de sua comissão técnica, o português observou uma equipe longe do conjunto que ele deu ao time principal em seis meses, mas com alguns sinais de que pode ser lapidada e ter peças aproveitadas.

A tentativa de repetir o que a equipe titular de Jesus fez ao longo da temporada levou o Flamengo a assumir um risco enorme, com uma defesa adiantada e desorganizada.

A pressão inicial do Vasco deixou claro que o sistema defensivo carece de treinamento e de repetição para que os atletas entendam os movimentos e não deixem brechas. Passado do susto com o gol do Vasco anulado pelo árbitro de vídeo, o Flamengo conseguiu se impor e ser superior.

Ao mesmo tempo em que deram espaços consideráveis, os laterais Matheus França, pela direita, e Ramon, pela esquerda, demonstraram qualidades individuais interessantes. No atataque, foram habilidosos, fizeram triangulações e passes para as finalizações. Em especial a assistência de Ramon para Lucas Silva.

Na mão de Jesus, podem evoluir, já que o Flamengo indicou que não contrararia um lateral-direito no primeiro semestre. E do lado esquerdo, tem em Filipe Luis um veterano sem condições de atuar toda a temporada, e Renê longe de ser um lateral com apoio de grande qualidade.

Pensando nas carências do time principal, os jovens laterais ganham evidência. No jogo contra o Vasco, deram sinais de que de fato podem ter oportunidades quando o elenco estiver completo.

Na zaga e na proteção à ela, quatro peças que já estavam integradas ao time profisisonal foram abaixo do esperado. Os zagueiros Rafael Santos e Dantas, além dos volantes Hugo Moura e Vinicius Souza.

Em que pese o retorno precoce das férias, o quarteto tinha a seu favor o fato de já ter trabalhado com Jesus. E não conseguiu exibir movimentos táticos e técnicos para facilitar a saída de bola com cerca tranquilidade no começo da partida. Quase todas elas foram no sufoco quando o jogo estava zero a zero.

Sem esse controle de jogo tão característico do time de Jorge Jesus, os jovens do Flamengo demoraram a entrar na partida. Depois do gol de Lucas Silva, em passe de Ramon, o panorama se alterou um pouco. Com Hugo Moura improvisado na zaga no lugar de Dantas, que passou mal, o time ganhou mais em consistência e não teve apuros.

O trio de ataque, formado por Luca Silva, Yuri Cesar e Vitor Gabriel, bateu muita cabeça no início. E não foi bem municiado pelo camisa 10 Luiz Henrique.

Com o passar do tempo, no entanto, esses mesmos jogadores começaram a levar a melhor nos duelos individuais sobre os defensores do Vasco. O que permitiu que as jogadas saíssem com mais regularidade, e levassem ao gol.

Aí é necessário um reforço sobre as qualidades de Yuri. Jogador que faz bem o corredor, apoia na marcação, e tem força e velocidade para transição ao ataque. Em muitos momentos, recuou como opção para o passe dos volantes, e levou o time à frente, parado com falta diversas vezes.

Contra defesas fechadas, provou que tem habilidade para levar a melhor no mano a mano, e com o decorrer da partida se tornou o principal jogador do Flamengo contra o Vasco. Mais solto, aplicou um chapéu, deu sequência de dribles, e por pouco não levou o time a uma vitória mais larga.

Para não deixar de falar dos jogadores que entraram, o meia Pepê apareceu bem nos minutos finais. Conseguiu organizar a equipe e ficar mais com a bola. Não foi aproveitado desde que foi emprestado pelo Flamengo, e tem idade para o profissional. A intenção do clube é que ele apareça para que oportunidades surjam.