Quem disse que seria fácil?

Esse ano começou como muitos outros para a Nação: boas contratações, tempo para treinar e o sentimento de que esse seria o ano do Mengão. Bom técnico, bons jogadores, finanças em alta… até o momento que perdemos tudo o que disputamos. Não veio Primeira Liga, não veio Carioca e o time se apresentava terrivelmente. De que adiantou Muricy? E as caras contratações? Os lampejos nunca viravam constância.

Mas, pasmem, Muricy saiu de forma abrupta, e logo veio Zé Ricardo na sequência. Impressionantemente nos mantínhamos na parte de cima da tabela, apesar do fraco futebol e da terrível combinação de zagueiros que tínhamos. Sabíamos que seria momentâneo, pois não chegaríamos longe com Wallace na zaga, com Márcio Araújo de titular e com a inconstância de Guerrero. Mas fomos levando, 1×0 aqui, 1×0 ali… e continuamos no bolo.

Aí chegavam os baldes de água fria; uma goleada contra o Corinthians, derrota em clássico contra o Flu, a concessão de um empate ao Botafogo nos minutos finais, e logo as falhas de Zé Ricardo e do elenco nos mostravam como tudo era instável demais. Não temos a constância exigida para um campeonato de pontos corridos, era o que me vinha a cabeça.

Mas as coisas ganhavam toques refinados, especialmente com boas vitórias fora de casa. Contra Cruzeiro, Santa Cruz, Coritiba… mesmo que passando sufoco e criticando a retranca de Zé Ricardo, os três pontos eram anotados. E com isso passávamos a consolidar nossa posição no campeonato.

Wallace? Foi milagrosamente vendido para o Grêmio. Paulo Victor? Foi suplantado por Muralha, um milagre acontecido nas traves rubro-negras. Márcio Araújo? Inegavelmente subiu de produção. Aí chegaram zagueiros e atacantes, e logo um rumor começou a circular entre os corredores da Gávea. Um grande reforço estaria por chegar, o tão sonhado camisa 10 das últimas temporadas. Era Diego, um dos melhores nomes possíveis a se imaginar.

O time já estava bem, mas a empolgação da torcida estourou de vez. O cheirinho de hepta surgiu com as boas vitórias, agora mais consistentes e vistosas. Diego chegou, de fato, e já veio mostrando suas credenciais com gols, assistências e muita qualidade. A receita é sempre a mesma: ressurgir das cinzas, brilhar no escuro e destruir pessimistas. O Flamengo sabe melhor do que ninguém construir esses momentos. Essa é a essência do “ser Flamengo”.

Mas o campeonato não acabou, e ainda nos falta 1/4 dos jogos pela frente. A meta inicial pela zona da Libertadores deu lugar à disputa pelo título e, apesar da tabela complicada, temos excelentes chances. Eu, particularmente, acredito demais no caneco. Tudo conspira ao favor, nossa história vem aí pra mostrar isso.

Pra complementar, passamos por uma virada épica na Sul-Americana. Revertemos um placar adverso, e lutávamos em duas frentes. O título viria em algum dos lados, pensávamos, e os dois juntos seria um grande bônus. Excelentes coisas nos aguardavam, e finalmente sentíamos os frutos de todos os anos de contenção financeira da atual administração.

Quase.

No caminho, entretanto, estava ninguém menos que o próprio Flamengo. Como bons rubro-negros, tropeçamos em nós mesmos, vencemos de nós mesmos. E fomos eliminados, da maneira mais boba possível. Ah, Flamengo… como é inconstante sua vida! Como é mágica sua mística, como é bela sua beleza. Como é sofrido viver no imprevisível mundo flamenguista. Ganha o difícil, perde o fácil. Prova o improvável e falha no infalível.

Entre idas e vindas, esse é nosso Flamengo. E se nada vai ser fácil, mesmo que pareça, guardamos a certeza de que, para nós, não existe o impossível. Nosso nome está reservado para as maiores histórias.

Flamengo; respeitem esse nome.

SRN!

Rodrigo Coli

[email protected]

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2016/10/quem-disse-que-seria-facil/

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