O Tinder é uma ferramenta bastante popular entre jovens e adultos que desejam encontrar um novo amor — ou apenas um flerte. O aplicativo de paquera tem uma mecânica simples: basta combinar seus interesses com os de outra pessoa e torcer pelo “match” — nome dado ao interesse mútuo entre usuários. Desta ideia nasceu o “Tinder do futebol”, um aplicativo que tem mudado a forma de jogadores e clubes iniciarem os relacionamentos.

Ao invés de beijos ou namoros, o que está em jogo são contratos profissionais ou de base. O ‘Dreamstock’, aplicativo criado em junho de 2018, se tornou uma espécie de seletiva on-line e uma forma alternativa de despertar interesse. Se de um lado há atletas que não conseguem bancar empresários, do outro existem clubes que conseguem aumentar a sua rede de observação.

Assim como o Tinder, a ideia é atrair o interesse de outras pessoas. No Dreamstock, cada jogador pode montar o seu perfil pessoal e postar seus lances. Já os clubes tem acesso a esse feed de notícias e podem observá-los mais atentamente. Neste caso, o “match” pode se transformar em um convite para participar de alguns treinamentos ou peneiras. Casos de Flamengo, Corinthians, Grêmio e Coritiba, que já abriram seletivas no aplicativo.

— Joguei bola profissionalmente, mas infelizmente não consegui ser um grande jogador. Entrei no caminho de engenharia de sistemas e, quando vi o crescimento do mundo do smartphone, lembrei que quando precisava fazer testes e não conseguia fazer chegar aos clubes. Veio a ideia de criar esse aplicativo e, depois de ver os vídeos, os clubes passaram a chamar os jogadores para testes — conta Marcelo Matsunaga, o criador da plataforma.

Aplicativo Foto: Reprodução

Ao todo, mais de 180 mil atletas têm conta registrada no Dreamstock e 52 clubes também registraram representantes para fazer a seleção. O futebol profissional masculino e as categorias de base são o nicho mais forte, mas também há procura pelas categorias femininas. A maior concentração de clubes observadores fica no Brasil, na Ásia e em Portugal.

Matsunaga também conta que o aplicativo criou algumas regras para manter a segurança de clubes e jogadores. Todos os vídeos são analisados antes de serem postados e nenhuma viagem é feita sem o apoio da empresa.

— Se o atleta precisa fazer um teste e sair do Brasil, somos nós quem bancamos a passagem. Não ficamos apenas publicado vídeos, quando vemos que há um potencial no atleta, fazemos uma checagem — completa.

Cases de sucesso

Ao citar casos de sucesso do aplicativo, Matsunaga destaca dois nomes: o lateral-esquerdo Talisson e o atacante Yuri Aguiar. Eles tiveram passagens por Fortaleza e Vasco, respectivamente, mas não conseguiram se firmar no Brasil. Graças ao aplicativo, assinaram contrato de dois anos com o Dardana Kamenice, do Kosovo.

— Saí de casa com 13 anos e passei por Atlético-MG, São Paulo e Vasco. Fiquei oito meses parado e uma amigo meu da minha cidade falou desse aplicativo. Não acreditei, mas me cadastrei e postei meus vídeos. Estava em vontade de jogar bola. Graças a Deus, um empresário entrou em contato comigo pelo aplicativo — conta Yuri Aguiar.

— Joguei em vários times do Ceará, mas me destaquei mesmo no Fortaleza. Postei vídeos no aplicativo depois que meu contrato acabou. Passei quatro meses apenas treinando e os caras entraram em contato comigo. Apareceu essa oportunidade para mim e fui, não ia ficar em casa parado — conta Talisson.

Atualmente, o Kosovo tem 2.169 casos confirmados do novo coronavírus e 37 mortes. A liga profissional do país ainda não retornou e a dupla já está com contrato assinado e pronta para voltar ao futebol.