Por: Venê Casagrande
Desde o incêndio no Ninho do Urubu, ocorrido no dia 08 de fevereiro, a rotina dos dirigentes do Flamengo mudou completamente. Nesta quinta-feira (21), houve reunião no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, e Rodrigo Dunshee, vice-presidente jurídico do Fla, deixou o local enquanto o encontro de mediação ainda estava em andamento, atitude que irritou os familiares.
A reportagem entrou em contato com Dunshee para buscar resposta do dirigente em relação ao ocorrido na reunião. O vp esclareceu o fato, afirmando que não está entre os responsáveis do processo mas, ainda assim, foi ao Tribunal por acreditar que a presença de um membro da diretoria do Flamengo seria importante. Além disso, ele alega que, desde o início da mediação, deixou claro que não poderia acompanhar o processo até o fim.
– Além de ser vice-presidente jurídico e geral do Flamengo, eu tenho minha vida, meus afazeres. Mas tem várias frentes que eu tenho trabalhado em prol do Flamengo. Eu fui ao Ministério Público por conta própria. O clube contratou um advogado para representar, não era para eu ter ido. Mas eu entendi que tinha que ter alguém da diretoria do Flamengo presente. Então fui, fiz o meu discurso, prestei solidariedade. Quando eu estava falando, esclareci: “Eu vim aqui prestar solidariedade e recepcionar vocês, pois foram convidados por nós. Mas tenho compromissos”. Eu não sou o advogado desse processo. Eu fui prestar solidariedade às famílias junto com o desembargador, que também esteve presente, esclareceu como funcionava mas depois foi embora. Foi embora porque ele não é o responsável, não é mediador. Ele não é parte daquilo, assim como eu também não sou.
Em seguida, Dunshee reconheceu que sua postura acabou irritando àqueles que esperavam maiores esclarecimentos. Porém, fez questão de ratificar que ele não é responsável diretamente pelo processo, citando também o presidente Rodolfo Landim.
– Quanto aos que estão chateados, eu entendo. Mas eu prestei esclarecimento de forma clara, e ainda estendi um pouco mais (a participação). Depois que acabou essa parte de pré-mediação, eu fui embora. Não sou parte disso. O Landim também não foi porque ele não tem nada a ver com isso. A gente não é parte integrante da mediação. Ele está envolvido por ser presidente do clube, pois é quem vai assinar o cheque, pagar às famílias… eu expliquei isso na pré-mediação. A verdade é que o Flamengo tentou fazer o seu melhor, mas querem uma solução para ontem.
FAMÍLIAS NÃO ENTRAM EM ACORDO COM O FLAMENGO
Nesta quinta-feira (21), o clube se encontrou com os familiares das vítimas em reunião de mediação realizada no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. No entanto, as conversas não tiveram grande evolução no sentido de um acordo. Inclusive, Cristiano Esmério, pai do goleiro Christian, demonstrou grande irritação com o clube.
– A atitude do Flamengo é uma falta de respeito com nós da família. Eles estão brincando com a vida dos nossos filhos. Queria saber se eles também não são pais, porque o que eles estão fazendo com a gente é uma a tortura. Não definiu nada, estamos aqui como palhaços. Fomos desamparados por todos, não nos sentimos acolhidos, principalmente pelo Flamengo. Eles não têm resposta para nós, familiares –, disse ele ao deixar a reunião.
Danrlei Pisetta, pai de Bernardo – outra vítima fatal da tragédia -, foi outro que se manifestou em tom de protesto ao clube. Danrlei, inclusive, pediu reflexão dos torcedores em relação às atitudes do Flamengo e também declarou que não voltará a negociar com representantes do Fla.
– Não houve mediação. A gente pediu que o Flamengo fizesse uma proposta, mas eles vieram com valores pífios. Cadê o presidente? Será que ele tinha algo mais importante? É uma falta de respeito. Peço a todos os torcedores que vão estádio e que tem mandado mensagens para nós que reflitam o que o time que eles torcem está fazendo com a gente. Isso não se faz nem com cachorro. Não houve negociação. Qualquer tipo de negociação está encerrada.
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