A torcida do Flamengo se deparou com uma série de jovens sendo chamados às pressas para completar o time principal em meio ao surto de Covid-19, que tirou de ação 19 atletas depois da viagem ao Equador para a disputa da Libertadores. Concluiu-se, até pelo pedido de adiamento do jogo com o Palmeiras feito pelo clube, que os desfalques pesariam muito. Tanto no Brasileiro como na Libertadores. O que se viu, no entanto, foi mais uma leva de bons valores que estavam escondidos no Ninho do Urubu, e prontos para dar conta do recado.

Em comum, Natan, Noga, Otávio, Guilherme Bala, Richard Rios, entre outros, ainda não foram promovidos ao time profissional. Diferente de Hugo Souza e Ramon, goleiro e lateral-esquerdo que chamaram a atenção nas duas partidas. Sem falar em Lázaro, atacante tratado como a próxima jóia da base, que chegou a ser observado por Jorge Jesus, mas depois voltou para a categoria inferior sem razão aparente.

Os jovens zagueiros causaram a maior intriga por não terem aparecido nos profissionais até agora. Natan, 19 anos, e Otávio, 18, deram segurança contra o Palmeiras. E depois, Noga, 18, ao lado de Natan, seguraram o Del Valle sem sofrer gols. O motivo desses e outros jovens ainda não terem subido é que outros atletas estavam na frente na fila. E internamente há críticas a esse processo de avaliação.

A transição da base para o profissional é feita no Flamengo pelo diretor Carlos Noval, que não foi encontrado para comentar o processo des escolha. Que desde o ano passado subiu atletas como os zagueiros Matheus Dantas e Rafael Santos, ambos já negociados. No meio-campo, apareceram Pepê, ainda no elenco principal, e Yuri César, que jogou no Estadual, mas foi emprestado ao Fortaleza. O ataque tinha nomes como Lucas Silva, também negociado, depois de ter uma série de chances com Jorge Jesus.

Vale ressaltar que o ex-técnico tinha um elenco forte, e não costumava olhar para os treinos da base em busca de reforços, o que também explica a surpresa com os talentos na rara oportunidade que tiveram.

Mesmo ciente dos valores que tinha em seu quintal, em 2020 o Flamengo foi ao mercado e contratou nomes de peso para a defesa, como Léo Pereira e Gustavo Henrique, para fazerem dupla com Rodrigo Caio. A pedido de Jesus.

O elenco já tinha Thuller, que também sofre para ter chances. E quando ela apareceu, acabou improvisado com Domènec Torrent. Justiça seja feita, a comissao espanhola integrou mais os garotos, que treinam juntos com o profissional ao menos uma vez por semana.

A chegada de reforços em quase todas as posições este ano ajuda a explicar a dificuldade em lançar novos jogadores. Até porque ainda há outros em idade mais avançada que precisam jogar. Tanto para se firmar, como para chamarem atenção e buscarem outro destino.

A verdade é que fica claro que o Flamengo, ávido por manter a hegemonia de títulos nacionais e no continente, tem preferido não arriscar com seus jovens como solução. Quando o fez, já tinha a venda de Reinier engatilhada ano passado, para o Real Madrid. E usou o time principal como vitrine.