Antes mesmo de a bola rolar, as mudanças na escalação do Flamengo se tornaram um refletor voltado para Rogério Ceni. Não tinha meio termo: daria muito certo ou seria um desastre. Ao optar pela barração de Gabigol e dos jovens Natan e Hugo Neneca, cometeu erros que ajudam a explicar a derrota por 2 a 0 para o Ceará, mas que não resumem tudo que acontece no Rubro-Negro.

A explicação de Rogério para barrar Gabigol faz sentido. O Ceará tem jogadores altos e havia necessidade de alguém mais físico e de presença de área para estar ali. Mas por que Gabigol no banco? Do quarteto ofensivo, Everton Ribeiro é quem está abaixo do rendimento ideal. Gabigol já atuou mais recuado no Rubro-Negro anteriormente e foi bem.

— Everton e Arrascaeta, eu gosto dos dois pelos lados. Quando eu cheguei, o Everton estava na seleçao, eleito o melhor, camisa 10, um dos grandes jogadores do Flamengo nessa temporada, temporada passada. É um jogador diferenciado. Eu considero como titular e está entre os 10 melhores para começar como titular — explicou Ceni.

O amistoso citado pelo treinador aconteceu no dia 17 de novembro, quando o Brasil venceu o Uruguai por 2 a 0, em Montevidéu. Já se passaram dois meses desde que Everton Ribeiro retornou ao Flamengo. Tamanha paciência não foi vista com Hugo Neneca, que fazia bons jogos, ou com Natan, que estava bem no sistema defensivo ao lado de Rodrigo Caio.

Por falar em Neneca, a menos que a reserva seja pelo comportamento extracampo, não há justificativa técnica para César ser titular. O goleiro não atuava desde o dia 21 de outubro, na vitória sobre o Junior Barranquilla pela fase de grupos da Libertadores, e falhou no segundo gol do Ceará.

Mas o que está além de Ceni? Desde o minuto inicial, a impressão era de que quem jogava em casa era o Ceará. O Flamengo teve a posse da bola, mas a lentidão o fazia ser facilmente marcado. A baixa intensidade também deixava espaços facilmente aproveitados pelo Ceará. Isso é um problema que precisa ser resolvido: é questão para o departamento físico ou rendimento técnico?

— Primeiro de tudo temos que assumir a responsabilidade, entender o que está sob nosso controle. A disputa do título se conquista jogo a jogo, com atitude. Não temos demonstrado isso, essa constância que faz toda a diferença. Estou totalmente decepcionado. Não entramos com a atitude que deveríamos. É preciso ponto de reflexão, bater no peito, nada do externo pode nos influenciar se não fizermos o nosso dentro de campo. Nosso pensamento é esse. É falar menos e jogar mais — lamentou Diego Ribas.

Para não dizer que não houve nada positivo, a entrada do camisa 10 melhorou o Flamengo, mas até isso colocou em xeque as escolhas de Ceni exatamente por trazer um pouco da intensidade que não esteve presente.

O Flamengo tem desfalque confirmado para a partida contra o Goiás, em Goiânia, na próxima semana. Gerson está suspenso depois de levar o terceiro cartão amarelo. Com 44,4% de aproveitamento, Rogério Ceni tem o 2º pior desempenho de um técnico do clube na década e está à frente apenas de Ney Franco.