O Flamengo se vê novamente pressionado a definir sobre a manutenção do trabalho de um treinador em função da falta de resultados. A demissão de Rogério Ceni está em debate no clube, mas os motivos para a queda de desempenho vão além do técnico. A falta de atitude de parte dos jogadores é apontada internamente como a principal causa.

Rogério tem dois meses no cargo e é elogiado pelo perfil trabalhador, estudioso e esforçado nos treinamentos. Suas ideias são bem vistas no Ninho do Urubu, mas o ponto fraco do trabalho é a gestão de pessoas.

Se há conceitos semelhantes aos de Jorge Jesus, como Ceni e atletas propagam, a forma de lidar com os jogadores é distinta. Ceni não tem o mesmo rigor, não exige disciplina no mesmo nível, o que é visto como um dos motivos para um relaxamento dos atletas no dia a dia e nos jogos.

Outro fator que pesa contra o trabalho do ex-goleiro é a leitura de jogo. Tanto nas escalações como nas substituições. Além disso, a comissão técnica de Ceni, formada por três profissionais, é de fato auxiliar, e não tem funções específicas que acrescentem ao trabalho e às ideias.

Uma das críticas em meio aos resultados ruins é que o técnico não saca do time jogadores com apresentações ruins em sequência. Recentemente, houve queda de produção avaliada pelo scout do Flamengo de atletas como Willian Arão, Filipe Luís, Éverton Ribeiro e dos atacantes. Ceni barrou apenas Gabigol, alegando que não havia treinado a dupla com Pedro.

A falta de pulso para mudanças mais radicais não tem a ver, na avaliação de quem acompanha o trabalho, com a possibilidade de perder o vestiário ou a confiança do grupo. Motivo normalmente jogado ao vento por torcedores. Ceni tem respeito do elenco pelo conteúdo e pela história como jogador, mas não tem o grupo na mão.

Dessa forma, discursos mais inflamados são proferidos mais pelos líderes do que pelo técnico. Depois da derrota para o Ceará, foi a vez de Diego Ribas chamar a todos para a responsabilidade. Mas o camisa 10, que ganha espaço, também não e visto como uma solução técnica para o time engrenar. Embora deva ter chance no lugar de Gerson, suspenso.

Em geral, o fim de temporada tem se notabilizado por boa parte do elenco sem apresentar a mesma motivação. Ou ainda a chamada revolta pelos resultados negativos. Algumas exceções são Gerson, Arrascaeta e Diego Alves. A conduta do capitão Éverton Ribeiro também é questionada nos bastidores. Mas o meia é um líder técnico, e fala pouco mesmo.

Além da demissão de Ceni, a diretoria já começa a pensar em reformulação do elenco. Nomes como Vitinho, Michael, Gustavo Henrique, Léo Pereira, Renê, Césear, João Lucas, Gabriel Batista e Lincoln estão cotados para a barca de 2021. Este último, de malas prontas para o Japão, já afastado do elenco, e treinando com a base.