Tulio Rodrigues destaca a importância do foco nas ideias prioritárias para o clube no debate da eleição

Quando se pensa em eleição, de qualquer natureza, logo vem à mente o embate, o debate, a rinha, a picuinha, a fofoca. Quem não aguardou ansiosamente pelo confronto entre Lula e Bolsonaro em 2022? No Flamengo, a situação não é diferente. A expectativa pelo embate entre os candidatos toma conta, até mesmo pela personificação que se faz em torno de uma candidatura, levando o torcedor/sócio a desviar o foco do que realmente importa, que são as ideias e anseios prioritários para o clube.

No processo eleitoral de 2012, havia um anseio bastante evidente interna e externamente. O clube necessitava de uma mudança na gestão, mesmo com a urgência em construir o seu Centro de Treinamento, formar uma equipe competitiva para o futebol, planejar um estádio próprio, mas sem perder de vista o que era mais crucial naquele momento. Aproveitando essa necessidade, um grupo de empresários, o embrião da Chapa Azul, obteve o apoio de sócios e torcedores para alterar o modelo de administração que perdurava há décadas.

Agora, em 2024, algumas questões estão ultrapassadas. O Flamengo passou por uma transformação na gestão a partir de 2013, construiu dois módulos do Centro de Treinamento, montou uma equipe sólida e passou a conquistar títulos no futebol. Os Esportes Olímpicos foram beneficiados com melhorias na estrutura na Gávea, assim como em contratações e desenvolvimento de atletas de alto nível. Além de aprimorar e manter o que já foi realizado, existem novos e antigos anseios que precisam ser foco neste pleito eleitoral.

Portanto, é fundamental que os candidatos se dediquem à reestruturação administrativa, técnica e estrutural do departamento de futebol. O modelo atual, com poucas mudanças ao longo dos anos, está desgastado. É praticamente consensual que uma mudança na gestão deve ser implementada no departamento mais relevante do clube. O futebol feminino também deve ser considerado. Até quando o Flamengo irá ‘terceirizar’ essa modalidade? O estádio próprio também é um anseio antigo e, para além de ser uma pauta eleitoral relevante a ser discutida, deve se tornar um projeto institucional, independente da vitória de um candidato específico.

A Sociedade Anônima do Futebol, conhecida como SAF, é outro tema em destaque, especialmente pelo presidente Rodolfo Landim. É crucial compreender as visões de cada candidato sobre esse assunto e suas necessidades, caso se considere necessário que o Flamengo negocie seu departamento de futebol.

Outros assuntos também merecem atenção especial. O tratamento aos torcedores fora do Rio de Janeiro, a abertura do clube para novos associados, o voto à distância, a relação com a imprensa que enfrentou desgastes nos últimos anos. Priorizar esses temas, comparar os planos de governo, especialmente em relação a essas questões, enriquecerá o debate de maneira significativa.

Dessa forma, a disputa entre os candidatos, que muitos gostam de acompanhar, deve ser deixada para aqueles que têm interesses alheios ao Clube de Regatas do Flamengo.

Publicado em colunadofla.com

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