A mesma ironia do destino que deu mais uma chance a Alex Muralha no gol do Flamengo, miseravelmente desperdiçada com duas falhas contra o Santos, foi a que transformou César, fruto das categorias de base do clube, no herói da classificação rubro-negra à final da Copa Sul-Americana com a vitória por 2 a 0 sobre o Junior Barranquilla, na Colômbia. Das tribunas do Estádio Metropolitano Roberto Meléndez, Muralha viu o garoto de 25 anos, que não atuava desde dezembro de 2015, defender um pênalti e passar a segurança que ele não conseguiu transmitir nesta temporada.
Difícil prever se com Muralha a história seria diferente, mas a aposta de Reinaldo Rueda no goleiro que era a quarta opção do elenco em uma partida de caráter tão decisivo traz um ganho psicológico incalculável a uma equipe (e a um técnico) que está sob pressão. O ano, que tinha contornos de fim trágico, pode ser fechado com um título internacional, e com um novo titular no gol, agora inflado em confiança com a atuação heroica na noite de ontem. Ao ficar fora até do banco de reservas, parece não haver muita alternativa para Muralha se não a busca por novos ares em 2018.
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Uma curiosidade, mas que vale como reflexão. No drama para achar um goleiro que fosse, no mínimo, um reserva confiável, o Flamengo ignorou César, prata da casa e campeão da Copa São Paulo de Juniores em 2011, e trouxe alguém de fora. Quando Guerrero ficou inativo, Felipe Vizeu segurou a onda, e ontem foi decisivo outra vez – cinco de seus nove gols em 2017 foram pela Sul-Americana. Vinicius Júnior só ganhou status no profissional quando o Real Madrid investiu. Antes disso, vieram Conca e Geuvânio, badalados, mas nulos.
As categorias de base precisam parar de virar quebra-galho e ganhar mais relevância no departamento de futebol profissional dos clubes brasileiros. Na Europa, investe-se muito em jovens para que no futuro eles se tornem soluções, e não tampões, ou gerem dinheiro. O recado também serve para o Palmeiras, que teve um 2017 espetacular nas categorias inferiores, selado ontem com o título da Copa do Brasil conquistado em cima do maior rival, o Corinthians. Fica a pergunta para ser respondida no curto e médio prazo: quantos desses garotos serão pelo menos testados em um futuro próximo?
Fonte: http://www.lance.com.br/flamengo/espresso-imperador-cesar.html
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