No Maracanã, milhares de pessoas de todas as idades, classes, gênero, renda, raça, escolaridade, torcendo pelo Mengão. Isto é Flamengo! É futebol, é cultura popular! Faz parte da história do Brasil e reforça nossos símbolos e identidades coletivas. Porém, no Maraca, o que vimos foram grupos de vândalos criminosos agredindo, roubando, barbarizando, organizados pelas redes sociais em nome do ódio, da intolerância e da violência.
Isto não é Flamengo. Não é futebol, é selvageria. É reflexo do país (e, mais ainda, do Rio de Janeiro). Reforça nossa crise social e moral, amplia nossa impunidade. Infelizmente.
Desde o primeiro jogo, na Argentina, grupos de torcedores, muitos banidos dos estádios, planejavam pelas redes sociais “uma guerra suja contra os hermanos”, o que culminou com a noite de ataques aos hotéis. A prevenção é sete vezes mais barata, mais rápida e mais eficiente do que a repressão, embora esta seja necessária. Por que nada foi feito antes, para prender a bandidagem infiltrada e prevenir a estupidez?
Ainda mais que o jogo era contra argentinos, rivalidade histórica e perigosamente incentivada por alguns setores da mídia. E, no dia do jogo, faltou também maior policiamento e melhor distribuição operacional da tropa, tanto que “a partir de um determinado momento a revista foi perdida”, como declarou o comandante do Gepe da PM/RJ
A crise é aguda e se manifesta na segurança pública, de forma irresponsável e assustadora. As polícias civil e militar vivem uma situação dramática: despreparo, falta de recursos, salários, infraestrutura, ameaças. Futebol é lazer e lazer é direito de todos, assim como segurança é dever do Estado. Que cada cidadão possa exercer o seu direito e os governantes cumpram as suas funções constitucionais. Não é favor, é obrigação!
* Mauricio Murad é sociólogo e autor do livro ‘A Violência no Futebol: Novas Pesquisas, Novas Ideias, Novas Propostas’
Fonte: http://www.lance.com.br/flamengo/mauricio-murad-isto-nao-nao-futebol-selvageria.html
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