Mauro Cezar defende público total em rankings e disseca público pagante de jogo do Palmeiras

Ranking com público total ou apenas com os pagantes? O assunto é pouco debatido pela imprensa brasileira e, até então, nenhum jornalista havia falado sobre o tema abertamente até esta sexta-feira (01). O repórter Mauro Cezar Pereira, da ESPN, decidiu falar abertamente sobre os rankings divulgados pelos veículos de imprensa, no qual ele discorda de forma veemente.

Além de falar sobre isso no programa Bate Bola na Veia, da ESPN, o jornalista publicou, em seu Instagram, um detalhamento sobre o assunto, aproveitando também para dissecar o que a imprensa considera como “público pagante” do jogo Palmeiras x Sport, que foi válido pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro, onde os pernambucanos venceram por 3 a 2.

Do jogo em questão, Mauro apurou, analisando o boletim financeiro da partida, que boa parte da torcida que está constando como se tivesse pago para assistir a peleja, na verdade não desembolsou nenhum valor em bilheteria. Tudo porque eram sócio torcedores que, ao pagar uma mensalidade, tem o direito de entrar livremente na Praça Esportiva.

Da renda bruta de R$ 1.506.726,18 do jogo Palmeiras 2 x 3 Sport, R$ 787.915,00 (52%) foram provenientes de itens no borderô nos quais determinado número de ingressos multiplicados por R$ 0,00 não resultam em R$ 0,00 como manda a matemática, mas em R$ 49.285, R$ 22.330, etc. Se por acaso o clube lança a proporcionalidade l, ou alguma cifra oriunda da mensalidade do Sócio Torcedor, então não é renda obtida com ingresso vendido, mas sim arrecadação do programa sócio torcedor.

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Borderô do jogo Palmeiras 2 x 3 Sport (Foto: Reprodução)

O público da partida foi de 25.947 presentes, porém, apenas 41% pagou efetivamente um ingresso para assistir o confronto. A outra parte, 59% (o que resulta em 15.104), não compraram nenhum tíquete que desse o direito de adentrar ao recinto. No caso, os sócios constam no borderô, pois é obrigado, para que possa haver o recolhimento do INSS e também as taxas cobradas pelas federações.

— Com isso, chegamos à conclusão que dos 25.947 presentes, como mostra o borderô, 15.104 (59% do total) não compraram ingressos, entraram de graça, como não pagantes, por serem associados. Contudo, são informados determinados valores naqueles campos, mesmo com o torcedor não pagando nem R$ 0,01, porque a agremiação é obrigada, não só a recolher INSS sobre esse valor, como também as taxas da federação.

Mauro ainda aponta que as federações, como um todo, poderiam ver, caso não fosse divulgado valor de ingressos dos associados, como se fosse um forma de burlar as cobranças obrigatórias das taxas, pois o clube iria lucrar 100% em cima dos sócios torcedores. Por isso, no regulamento das competições existe um valor mínimo de bilheteria, para que seja repassado às federações e ao INSS.

— As federações poderiam ver como uma forma de burlar as cobranças de taxas, o fato do clube dar 100% de desconto para seus torcedores e ficar integralmente com a receita de sócio torcedor, uma vez que sobre essa receita não é cobrada a taxa. Tanto que no regulamento geral de competições é estabelecido um preço mínimo, mesmo que o torcedor não tenha efetivamente pago nada de bilheteria, sobre o qual é obrigatório o cálculo das taxas das federações e do INSS.

Contudo, segundo o jornalista, os associados também não são público pagantes, assim como menores de 12 anos e maiores de 60, que tem direito à gratuidade no Rio de Janeiro e outros estados. Ou seja, os associados que entram sem pagar nenhum valor a mais, deveriam ser contabilizados nos rankings, assim os beneficiados pelas leis municipais e estaduais, diferente do que acontece por parte da mídia.

— Na prática são tão não pagantes de ingressos como os menores de 12 anos e maiores de 60 que vão aos jogos no Rio de Janeiro gratuitamente, se beneficiando com as leis municipais e estaduais. Os palmeirenses que não compram ingressos deveriam ser contabilizados como público presente dos jogos, obviamente, assim como os torcedores dessas faixas etárias nos estádios cariocas.

Mauro concluiu afirmando que não faz sentido que os sócios torcedores em questão sejam divulgados como pagantes de ingressos, pois não pagaram. No entanto, o comentarista reforça que todos — associados e gratuidades — deveriam constar nos rankings, afinal, esses torcedores também existem.

— Não faz sentido que sejam divulgados como “pagantes” (de ingressos), da mesma forma que os beneficiados pelas gratuidades no Rio de Janeiro não são assim identificados, mas deveriam ser costumeiramente reconhecidos como público das partidas de futebol. Eles existem, afinal.

Boa parte da imprensa divulga a média de público do Flamengo no Campeonato Brasileiro como 44.998 torcedores, pois consideram apenas os pagantes. O debate levantado pelo Mauro Cezar Pereira, é para que os torcedores que tem direito a gratuidade, segundo as leis dos estados, também sejam considerados, pois eles também consomem e apoiam o clube do coração. Com isso, a média de público do Mengão subiria para 50.051 torcedores por jogo.

Fonte: http://colunadoflamengo.com/2018/06/mauro-cezar-defende-publico-total-em-rankings-e-disseca-publico-pagante-de-jogo-do-palmeiras/

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