O avanço da tecnologia nos permite hoje ter acesso aos mais variados tipos de informação, na hora que quisermos, da maneira que quisermos e até na língua que quisermos. Sobre absolutamente tudo.
Não foram poucos os canais criados para expandir ainda mais a paixão em relação ao esporte. Laços são estabelecidos, novos hábitos surgem. Não há mais os limites de determinados horários em determinadas emissoras de televisão. Hoje temos as redes sociais, o Youtube, sites, blogs, podcasts e por aí vai. A lista é grande, assim como a abordagem. Tem quem vá pelo caminho do humor, quem prefira aprofundar a informação de bastidores, quem dê o olhar do torcedor de dentro do estádio (dá um “oi” pra nós!) e aqueles que se destacam por falar de tática. É sobre este último grupo específico que quero dar um pitaco.
Como consumidor voraz do futebol e profissional que escreve sobre o assunto quase todos os dias, sempre corro atrás de mais material para me informar e estudar. Entender melhor o jogo é importante para quem quer ir por estas bandas de viver dele ou simplesmente por quem vê nisso um passatempo. No meu caso, os dois lados se misturam. O problema é que tenho notado, com muita preocupação (e alguma indignação), um comportamento cada vez mais comum de quem trata do lado tático do esporte: o pedantismo da linguagem.
Venho de uma outra carreira, um outro ramo, em que se usa constantemente frases em latim apenas para impressionar. É quase uma elitização das palavras de quase nenhum efeito. Aos leigos, soa algo impressionante, inalcançável e pouco entendível. Talvez sirva para inflar o ego de quem fala ou escreve, mas seria muito mais produtivo se o emissor da mensagem também focasse em fazer com que ela fosse bem absorvida por quem a recebe. E o mesmo acontece para quem ultimamente tem abusado do “tatiquês”, às vezes até de forma inconsciente.
Aí, com todo respeito aos que me seguem e fazem parte dessa corrente, mas o tatiquês é chatíssimo. Existem conceitos que podem (e devem) ser explicados com o português claro e limpo. Não compliquem um simples passe pra frente ou um posicionamento específico
— Hugo Alves (@_hugo1alves) September 17, 2018
Se os adeptos do tatiquês fossem menos pedantes, a imprensa já teria evoluído bem mais nessa área. Alguns parecem analistas de vinho.
— Raphael Guimarães ® (@raphafonseca) 6 de junho de 2018
Falar sobre esse tema é muito difícil e, via de regra, quem se atreve a isso sofre de algum preconceito (muitos deles da chamada “velha guarda”). Impossível não louvar a busca por trazer novos ares à cobertura do futebol. Mas é preciso achar o meio-termo, a dosagem correta, para que tática não seja considerada uma ciência inacessível ao público.
Não se trata de uma crítica com a intenção de ser pedra. É uma reflexão para que nós, produtores de conteúdo, tenhamos muito cuidado para não afastar quem tanto quer nos ler, nos ver e nos ouvir.
Um caminho para resolver isso é beber da fonte de nomes com mais experiência e mais conhecimento.
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