“Eles não respiram, eles não jogam, eles não correm. Eles não fazem coisa nenhuma porque vocês não vão deixar”. Palavras ditas por Joel Santana no vestiário do Maracanã em 2007. Naquele ano, o Flamengo brigava por uma vaga na Libertadores, e o treinador conduziu a classificação do time com as frases acima. O discurso de Joel se encaixaria perfeitamente no atual grupo rubro-negro. Comandado por Zé Ricardo, o Flamengo que briga pelo título Brasileiro tem se mostrado sufocante.
Essa foi a marca da vitória por 2 a 0 sobre o Figueirense, neste domingo, no Pacaembu. Contra um adversário frágil e muito fechado, foi preciso agredir e abrir espaços. Num desempenho quase perfeito, o ponto negativo foi a dificuldade de matar o jogo. Abaixo, o GloboEsporte.com analisa o Rubro-Negro.
“ELES NÃO RESPIRAM”
Sufocar. Zé Ricardo preparou o time do Flamengo para atacar. Ciente de que o Figueirense ficaria plantado na entrada da área, o técnico apostou nos passes verticais entre as linhas do Figueira, deixou os laterais Pará e Jorge colados na linha lateral, principalmente no primeiro tempo, para alongar a marcação. Resultado: abriu mais espaços para as chegadas dos meias e atacantes.
– O fato de os meias estarem aparecendo é uma sequência natural. Sabíamos que tínhamos que criar muito. No primeiro gol, a gente teve um movimento com o Damião, que abriu espaço na zaga do Figueirense, e o Arão aproveitou para marcar de cabeça – afirmou Zé Ricardo.
“ELES NÃO JOGAM”
Uma das estratégias do treinador foi a saída de bola mais agressiva com os zagueiros para quebrar a primeira linha do Figueirense. Desta forma, ele diminuiu a dificuldade de criação. Zé Ricardo apostou no bom passe do zagueiro Rafael Vaz e reforçou a bola em diagonal. Foi de Vaz o cruzamento para o gol de Willian Arão. Os volantes também tiveram papel fundamental. Cuéllar e Arão apareceram pelas laterais em algumas oportunidades. Assim, abriram espaços para que os laterais se aproximassem mais da área.
– A chegada dos jogadores de defesa tem que ser mais uma arma, as equipes marcam muito forte, os zagueiros têm que tentar desequilibrar no seu setor para bater a primeira linha do adversário – explicou o técnico.
DE PÉ EM PÉ
O Flamengo foi soberano no jogo, e os números escancaram isso. O time teve 66% de posse de bola contra 34% do Figueirense. Foram longas trocas de passe, algumas duraram mais de um minuto. Mas sempre com objetividade, à procura de espaços para penetrar na defesa adversária e sem apressar jogadas. O time de Zé Ricardo acertou 445 passes e errou 23.
– Qualidade do gramado do Pacaembu ajuda muito. Esse grupo já teve experiências passadas que provaram que temos de manter a concentração e o equilíbrio. Atletas em campo têm condição técnica destacada. São vários fatores. Preponderante é que os atletas têm qualidade e estão fazendo o que a gente propõe.
VAI PRA LÁ, QUE EU VOU PRA CÁ!
O Flamengo de Zé Ricardo costuma atacar com vários jogadores ao mesmo tempo. Em diversos momentos, o time tem sete jogadores em volta da área do adversário. Contra o Figueira não mudou. Chegou com Pará, Jorge, Arão, Gabriel, Everton, Diego e Damião. Ainda no primeiro tempo, Everton e Gabriel inverteram posição no ataque, e o camisa 22 passou do lado direito para o lado esquerdo.
SORTE QUE NÃO FEZ FALTA
Foram 24 finalizações do Flamengo no jogo contra quatro do Figueirense. Mas o massacre não se repetiu com o placar de 2 a 0. Não chegou a fazer falta, mas a dificuldade do time na hora de concluir chamou a atenção. Foram 10 chances reais de gol do Rubro-Negro, que desperdiçou a maioria. Os atacantes Leandro Damião, que chegou a perder um pênalti, e Felipe Vizeu, que também perdeu chances claras, ficaram devendo.
– Os atacantes estão ali para fazer gol. O Damião não conseguiu converter o pênalti mais por mérito do goleiro. Vizeu também perdeu duas ou três, a gente entende, não vem jogando muito, ele quer fazer o gol. Ainda bem que não fez falta. É um ponto a ser observado no pós-jogo – concluiu Zé Ricardo.
AGORA VAI!
As falhas de Damião e Vizeu fazem o retorno de Paolo Guerrero virar assunto e ganhar força. Ausente do time do Flamengo desde o fim de agosto, no jogo contra o Chapecoense, o peruano ficou no banco contra Vitória e Palmeiras e não viajou para enfrentar o Figueirense por conta de uma virose. Zé Ricardo já decidiu escalá-lo contra o Palestino, quarta-feira, pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana.
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