Não é novidade times de futebol que têm em seu elenco jogadores outrora valorizados que perderam espaço e buscam reabilitação. Poucas vezes, no entanto, uma equipe candidata ao título reúne tantos renegados como o atual Flamengo, considerado, por muitos, como o time com melhor futebol do país no momento.
No time que se consolidou como titular com Zé Ricardo, e que deve entrar em campo completo, amanhã, contra o Cruzeiro, ao menos cinco peças se encaixam no perfil. Alguns estavam no clube desde a pré-temporada, como Alex Muralha, Pará e Gabriel, e outros foram contratados durante o Brasileiro, casos dos zagueiros Réver e Rafael Vaz.
– Estou muito feliz, vivendo um bom momento. O jogador vive de aproveitar os bons momentos – disse Rafael Vaz, no início da semana, dando o tom vivido por outros companheiros. – Estou muito feliz aqui. Foi um clube que me abraçou e está dando oportunidade.
Dentre os cinco, ninguém provou uma ascensão tão grande quanto a de Muralha. Em alta após um bom Brasileiro pelo Figueirense no ano passado, o goleiro custou cerca de US$ 2 milhões ao rubro-negro e a expectativa era de que disputasse posição com Paulo Victor. Com Muricy, as chances não vinham e ele atuou uma única partida antes do início do Brasileiro. No mesmo jogo de estreia de Zé Ricardo, vitória sobre a Ponte Preta fora de casa na quarta rodada, ele assumiu a posição devido a dores lombares do ex-titular. Não saiu mais do time.
– Depois da convocação até brincamos com o Muralha, dizendo que ele precisa trabalhar também, mas não passou de brincadeira. Temos muita confiança não só no Muralha, como no Paulo Victor também, que perdeu espaço depois de uma lesão – disse Réver nesta sexta-feira, já prevendo mais um a ser reabilitado. – Se o Muralha vai servir à seleção, estamos bem servidos com o PV e tenho certeza que vai dar conta do recado.
Réver e Rafael Vaz viveram situações parecidas. Quando chegaram, as contratações pareciam mais uma oportunidade de mercado do que convicção. Naquele momento, o clube vivia uma grande problema no setor, em que perdeu Wallace, que pediu para sair do clube, e Juan, lesionado. O time chegou a ter em campo Léo Duarte, então com 19 anos, e Rafael Dumas, 21, ambos praticamente sem experiência profissional.
Para completar, o argentino Donatti veio por cerca de R$ 5 milhões, mas nunca ameaçou a titularidade de Réver e Rafael Vaz, dupla que jogou pela primeira vez justamente contra o Cruzeiro, adversário de amanhã.
Além deles, Pará viveu uma montanha russa. Um dos jogadores suspensos pelo Flamengo no ano passado, por questões de comportamento, ele iniciou o ano como reserva de Rodinei. Talvez o mais perseguido pela torcida até então, ele ganhou nova chance quando o titular se machucou e se tornou um dos mais regulares do time. Hoje, quando tem seu nome gritado, escuta também “é seleção”.
Entre os cinco, Gabriel é o que mais chances teve no ano, quando foi titular em partidas do Carioca e da Primeira Liga, mas perdeu espaço durante o Brasileiro. No primeiro turno, entrou em campo sete vezes, só uma como titular. Desde a vitória sobre o Grêmio, no mês passado, ele não saiu mais, com dois gols em sua últimas quatro partidas.
Com o objetivo de ter Muralha e Guerrro no time titular, a diretoria do Flamengo estuda pedir para a Confederação Brasileira de Futebol o adiamento do Fla-Flu marcado para o dia 12 de outubro, que ainda não tem local definido. A ideia é transferir o clássico, que tem mando de campo do tricolor, para o dia seguinte. Muralha estará com a seleção brasileira, que, no dia 11, enfrenta a Venezuela, em Mérida. O rubro-negro pedirá o adiamento devido à convocação dos dois jogadores e de Felipe Vizeu, que estará com a seleção brasileira sub-20.
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