Poucos clubes do Brasil publicam relatórios financeiros trimestrais que permitem o acompanhamento da gestão ao longo do ano. Flamengo sem dúvida é um clube diferente da maioria e publica em seu site oficial dados financeiros atualizados.
Até o momento o clube disponibilizou os seis primeiros meses de 2016, o que já ajuda e muito a compreender sua situação financeira atual. Apenas para auxiliar na compreensão dos dados, em todo 2015 o clube da Gávea faturou R$ 356 milhões, apresentou custos de futebol de R$ 147 milhões e superávit de R$ 130 milhões.
Nos primeiros seis meses de 2016, as receitas atingiram R$ 222 milhões, um aumento de 27% na comparação com o mesmo período de 2015. Isso significa que não será difícil o clube alcançar receitas neste ano de quase R$ 450 milhões.
O acréscimo foi proveniente especialmente dos direitos de transmissão, que saltaram de R$ 76 milhões nos primeiros seis meses do ano passado para incríveis R$ 114 milhões em 2016. É possível afirmar que com os novos valores apresentados, o clube deve superar R$ 200 milhões com direitos de TV neste ano.
As receitas com patrocínios apresentaram uma queda de R$ 7 milhões em 2016, o sócio torcedor perdeu R$ 1,4 milhão e a bilheteria cresceu R$ 3 milhões. As transferências de atletas somaram R$ 11 milhões, frente aos R$ 507 mil do mesmo período do ano passado
Um dado que chama a atenção no balanço do Flamengo é o aumento do investimento no futebol. O clube desde a primeira eleição de Eduardo Bandeira de Mello sempre manteve muita austeridade nos custos, especialmente para seu processo de saneamento financeiro.
Nos 12 meses de 2015 os custos com futebol representaram apenas 41% das receitas do rubro negro. Apenas como comparação, Corinthians gastou 84% de sua receita com futebol e Grêmio 101%.
Os custos com futebol no primeiro semestre de 2016 atingiram R$ 97 milhões, frente aos R$ 71 milhões do ano passado.
Nesse momento os custos com futebol representam 44% das receitas, um índice que permanece extremamente baixo. Os custos subiram 37%, mas mantém o clube completamente equilibrado financeiramente.
Nos primeiros 6 meses de 2016 apresentou superávit de R$ 47 milhões, frente aos R$ 38 milhões de 2015. Sem os efeitos do Profut o superávit do Flamengo no ano passado foi de aproximadamente R$ 60 milhões.
Esse é o Flamengo atual, na vice-liderança do Brasileirão, com aumento no investimento do futebol, mas sem fazer loucuras. O crescimento do clube e seu excelente momento esportivo é o exemplo vivo que o futebol brasileiro precisa de mais “Flamengos” como modelos de gestão.
Mesmo que o clube não conquiste o título da Série A, sem dúvida o título de clube melhor administrado do Brasil já levou. E já faz algum tempo.
Seu ponto fraco: despesas financeiras
Flamengo tem um ponto fraco em sua gestão, as altas despesas financeiras.
Para viabilizar sua operação em dia, o clube foi obrigado a contrair empréstimos. Nos 12 meses de 2015 as despesas financeiras atingiram R$ 74 milhões contra R$ 46 milhões de 2014, aumento de 61%.
Nos primeiros seis meses de 2016 o valor foi de R$ 34 milhões. Nos últimos cinco anos as despesas financeiras do Flamengo já somam R$ 264 milhões.
Redução nas dívidas com empréstimos
Se por um lado assustam os gastos financeiros do clube, os dados de 2016 são positivos nas dívidas com empréstimos.
Nesses primeiros seis meses os empréstimos somaram R$ 118 milhões, frente aos R$ 162 milhões de dezembro de 2015. Uma queda de 27%.
Minha leitura é que o clube com recursos próprios, está conseguindo reduzir o uso de capital de terceiros para sua operação. Esse é o caminho para um clube com potencial de investimento e crescimento sustentado.
Fonte: http://www.lance.com.br/flamengo/blogueiro-analisa-financas-2016.html
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