Em 2010 o senhor Ferran Soriano, que foi Vice-Presidente e CEO do Barcelona, escreveu o livro A BOLA NÃO ENTRA POR ACASO. Esse livro é muito mais do que um livro de futebol, é um livro sobre gestão. É sobre como transformar empresas de qualquer segmento, mudar carreiras e dar um novo objetivo a cada uma das pessoas que deseja ser um profissional de sucesso.
Esse é o livro de cabeceira de qualquer dirigente sério, que deseja dar uma guinada, uma transformada em um clube de futebol que está mal das pernas e que quer evoluir para um clube sadio e saneado e principalmente vencedor.
Como todos sabem, antes de 2013 nosso Flamengo era um clube com uma situação financeira catastrófica, com dívidas a perder de vista, ações trabalhistas aos montes, uma total desorganização, ao ponto de estarmos a beira da insolvência. Sendo o clube certo para ser implantadas as diretivas do senhor Soriano.
Lembro-me perfeitamente quando em 2012, um grupo de empresários se juntou e começou a discutir uma união para alavancar o Flamengo desse fundo do poço. Foi nesse momento que ouvi falar pela primeira vez sobre esse livro, através do Bap. Onde procurei mais informações sobre o mesmo.
Essa ideia foi à frente e a Chapa Azul venceu as eleições, começando uma nova era administrativa no Flamengo. Depois de vários contratempos e várias tentativas de escolha de um nome para ser o candidato a Presidência, o Eduardo Bandeira de Melo foi escolhido. E ele desempenhou com maestria essa função, pagou dívidas, escalonou outras, fez acordos trabalhistas com vários ex atletas, honrando todos eles. Fato inédito para aquela época, o que o levou a uma reeleição.
Contudo esse é um momento em que houve um racha entre os integrantes da Chapa Azul, uma vez que seus idealizadores não queriam o EBM como Presidente novamente.
Mesmo com a cisão do grupo, o EBM venceu a eleição e deu continuidade a sua gestão administrativa perfeita, abdicando de termos bons times em prol de pagamento de dívidas e honrar acordos.
Mas ano após ano, melhorávamos gradativamente nossos times, contratando cada vez melhor jogadores de qualidade, começando gradativamente a subirmos o nível da equipe. Chegaram Guerrero, Diego Ribas e Vitinho.
Porém nesse período de transição o Flamengo conquistou apenas dois campeonatos Cariocas e uma Copa do Brasil. Foi um período de muita paciência, apostando nu futuro promissor.
Mas ao final dos seus mandatos o EBM entregou o Clube sanado e pronto para conquistar títulos. Com novos contratos de patrocínio, com novas receitas e com as dívidas escalonadas. Era a primeira vez que tínhamos uma receita maior que as despesas.
Os novos mandatários seguiram com a mesma organização e com um poder aquisitivo para fazer cada vez mais melhores contratações, montando um time para conquistar vários títulos, onde o ápice foi o ano de 2019.
Mas as questões políticas do Clube começaram a sobrepor o profissionalismo que em outrora falavam que seria implantado no Flamengo. E a partir de 2020 começamos a perder profissionais de ponta em todas as áreas, o departamento médico foi um dos mais atingidos, mesmo estando em um ano de plena pandemia, onde a questão de saúde deveria ser prioridade.
As demissões passaram a acontecer com muita frequência e as novas aquisições eram definidas sempre com a política sendo colocada em primeiro lugar.
Pela falta de profissionalismo que hoje impera no Flamengo, as contratações de treinador não tem o menor critério, tudo passa a ser na base da tentativa, o erro e o acerto é uma questão de sorte. Critérios técnicos não são priorizados ao definir a contratação de um profissional. O que parece é que o que mais desperta interesse é o tamanho do nome do próximo candidato, os falados medalhões.
O ápice da desorganização, da falta de critério e falta de planejamento, aconteceu ao final de 2022 para começo de 2023, ano em que teríamos uma série de competições extremamente importantes.
O treinador que terminou o ano de 2022 sendo campeão da Libertadores e da Copa do Brasil não teve seu contrato renovado. O time teve quarenta dias de férias, mesmo sabendo que ao final do mês de janeiro teríamos já a primeira decisão. E que na sequência iríamos jogar a competição mais importante da temporada, o Mundial.
O novo treinador contratado, o Vitor Pereira, perdeu todos os campeonatos que disputou, um total de quatro. Pasmem, conseguiu perder o Carioca, mesmo tendo ganho o primeiro jogo por 2×0.
Com este desempenho, o Vitor Pereira foi demitido e contrataram o Sampaoli.
A falta de comando da Diretoria, a falta de comunicação e de ordem é tamanha, que chegamos ao ponto de voltar as páginas policiais após um preparador físico da comissão do Sampaoli socar um jogador por ele não atender suas ordens de ir aquecer durante um jogo.
Após esse evento lastimável, o treinador Sampaoli perdeu o vestiário e o que já estava ruim, consegue ficar ainda pior com a eliminação da Libertadores para o fraco Olímpia.
No Campeonato Brasileiro o time alterna boas partidas com partidas horrendas, levando várias goleadas, o time não mostra nenhum tipo de evolução. O Sampaoli se mostra totalmente perdido. E mesmo assim, a Diretoria não toma nenhum tipo de atitude que faça trazer o time de volta aos trilhos.
Mesmo com o Flamengo as vésperas de uma nova decisão, o Presidente vem a público e confirma apoio irrestrito ao pior treinador dos últimos tempos, contrariando inclusive o seu Diretor de Futebol e todos os outros que tentam o fazer enxergar um palmo a frente do nariz. Já são trinta e sete jogos com trinta e sete escalações diferentes. Um treinador que não conta com a simpatia do elenco e de todos que são obrigados a conviver com ele.
Então, estamos na iminência de perder o sétimo título em sete que estamos disputando no ano de 2023. Ano que ficará marcado na nossa história como sendo o pior ano desde que esse grupo de empresários passou a administrar nosso Flamengo.
Essa Diretoria está conseguindo provar por A + B, na prática, que a bola tanto não entra por acaso, como ela também não deixa de entrar por acaso.
Saudações Rubro Negras!
Isso aqui é Flamengo!
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