Era difícil de a bola rolar nos campos de terra de Rebolo, na Colômbia, em 1924. Debaixo de um telhado de palha de uma humilde residência, uma mulher via as crianças do bairro jogando futebol ao lado de uma criação de gado e vacas. Irritada, tomou uma atitude e fundou um clube particular. Assim nasceu o Junior Barranquilla, adversário do Flamengo na Libertadores.
A mulher em questão é Micaela Lavalle Mejía, criadora do então Juventud Infantil, que trocaria de nome em 1936. O Junior, como é conhecido, se considera o único clube do mundo a ser fundado por uma mulher. Os dados não são confirmados, mas é difícil encontrar outro que trate isso com tanto orgulho.
— Ela foi a fundadora da equipe. Sem ela ter formado um pequeno clube para jovens de Barranquilla, certamente hoje não haveria um clube profissional na cidade, nem a equipe mais importante da Costa Norte da Colômbia — conta o jornalista colombiano Paolo Arenas, repórter em Barranquilla.
A faixa com o dizer “Obrigado Micaela por este amor tão insuportável” é famosa no Estádio Metropolitano, palco do duelo desta quarta-feira. Também há cantos com o nome da fundadora, bandeiras e um memorial no estádio.
Unir crianças entre 10 e 14 anos da região motivou a fundação, mas também houve um desejo pessoal por trás disso. Carmen Mejía, filha de Micaela, conta que a mãe ficou triste ao saber que os filhos foram barrados de um clube da cidade por serem novos demais.
Até mesmo as cores do Junior (vermelho, branco e azul) foram escolhidas por Micaela. A ideia era imitar os barcos ingleses que chegavam ao Porto Colômbia. A bandeira da cruz vermelha com um fundo branco nos mastros inspirou o uniforme, que era comprado, confeccionado e lavado por ela.
Atualmente, o Junior soma nove campeonatos nacionais, duas Copas Colômbia e uma Superliga. Micaella faleceu em 1962, mas é lembrada até hoje.
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