Ao final, ninguém saiu de mãos vazias. O Fluminense levou a vitória por 1 a 0 que evita questionamentos precoces na temporada, dado o abismo de experiência no clássico. O Flamengo sai com o orgulho intacto pela forma como seu jovem time enfrentou um rival bem mais composto.
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Por falar em experiência, o único gol do jogo ilustra o seu peso na definição do Fla-Flu: o calcanhar de Nenê, com categoria e frieza do alto de seus 38 anos, 16 a mais do que o mais velho jogador titular do Flamengo.
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Há algo errado no calendário quando um time joga o segundo clássico com garotos porque seus titulares mal voltaram de férias. E pior: as 46 mil pessoas no Maracanã mostram que havia interesse pelo jogo. O Fla-Flu teve bela festa nas arquibancadas, exceção feita ao coro “Time assassino”, entoado pelo lado tricolor em dispensável referência à tragédia do Ninho do Urubu, transformada em pretexto para se ganhar o duelo de torcidas, provocar um rival. A apuração de responsabilidades e a cobrança de postura do Flamengo em sua forma de lidar com o episódio, ambas imperativas, são atitudes bem distantes de uma manifestação meramente clubista.
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O efeito colateral da escalação de um Flamengo desfigurado se manifestou dos dois lados. Em seu melhor momento, faltou acerto no toque final e sobrou precipitação. Já o Fluminense pareceu começar ansioso, pressionado por uma suposta obrigação de se impor a um rival tão jovem. Ficaram sinais de um time que ainda é um esboço, tal a dificuldade de se impor a um rival tão verde.
O time do Flamengo inteiro tinha 22 anos ou menos. O tricolor tinha seis titulares acima dos 30 anos. É cedo, a temporada dirá se será um peso. Comparando as duas formações iniciais, havia 95 anos a mais do lado tricolor. Em média, algo próximo de 8,5 anos a mais por jogador.
A saída de bola com os meias Vinícius e Richard por trás da linha de pressão tricolor, além da mobilidade dos pontas Bill e Yuri, começaram favorecendo o Flamengo. Os dois últimos saíam do lado do campo para o centro, buscando o espaço entre as linhas de defesa e meio-campo do Fluminense. Henrique e Hudson não achavam marcação. Mas o Flamengo se precipitava antes do passe decisivo.
Aos poucos, era natural a mudança de cenário. Com jogadores mais prontos física e tecnicamente, o Fluminense se assentou. E Odair Hellmann conseguiu fazer o time explorar a linha defensiva avançada do Flamengo. As bolas esticadas em diagonal para as pontas achavam espaço. Mas Matheus Alessandro cometia erros técnicos na esquerda. Na direita, Yago demorou a se achar.
Nenê era um elemento livre e Miguel um falso nove, mas sem se adaptar à função. Ainda assim, o tricolor teve as duas melhores chances de gol até o intervalo. Um chute de Nenê da entrada da área, defendido por Gabriel Batista; e uma cobrança de falta do mesmo Nenê no travessão.
O segundo tempo foi parecido, com ímpeto inicial do Flamengo. Em dez minutos, Bill e Pepê perderam chances. Até que, nas mexidas, Odair foi mais feliz do que Maurício Souza. A saída dos dois pontas rubro-negros tirou agressividade do time, ainda que ambos fossem imprecisos no jogo.
O Fluminense, sem massacrar, era um time mais arrumado quando, aos 26, uma escapada de Yago pela direita deu origem ao gol decisivo de Nenê. No fim, Lucas Silva perdeu a última chance do empate.