O poderio financeiro do Flamengo serve para, entre outras coisas, permitir que o técnico do time rode o elenco sem que o desempenho da equipe em campo caia de maneira comprometedora. Não foi o que aconteceu na partida contra o Athletico. Paulo Sousa, preocupado com a sequência de jogos e o histórico de lesões de alguns nomes importantes, deixou titulares no banco de reservas. Abriu mão de jogadores importantes nas duas últimas atuações, boas partidas que tiveram na vitória sobre o São Paulo e no empate com o Palmeiras. A equipe que começou neste sábado não deu conta do recado e o resultado foi a primeira derrota no Brasileiro.

Algo está errado. Com Pedro no comando de ataque e Marinho ao seu lado, flutuando, não era para o time sentir tanto as ausências de Everton Ribeiro e Gabigol. A não ser que a conclusão seja que Arrascaeta é que faz a diferença, no fim das contas. E como o uruguaio não teve tarde inspirada, o nível ofensivo da equipe caiu. Se for o caso, essa dependência também é um problema.

O contestado departamento médico do Flamengo segue cheio e isso gera dois problemas. O primeiro, a falta de opções. O segundo, a cautela demasiada na comissão técnica. Paulo Sousa sabe onde o calo aperta, mas o calendário rubro-negro permitiria que o time tivesse jogado com força máxima na Arena. Um jogo sábado em Curitiba, voo direto para Santiago e uma partida contra a Universidad Católica apenas na quinta-feira, cinco dias depois. Depois disso, retorno para o Brasil e aí sim a utlização de reservas contra o Altos, do Piauí, pelo jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil. Se o elenco rubro-negro não der conta do adversário da Série C, isso também será um problema.

No fim das contas, o Flamengo sofre cobranças elevadas, de que dispute com chances reais de vencer todos os títulos ao alcance das mãos. Cobranças elevadas e justificadas, pelo grau de investimento que é capaz de fazer no departamento de futebol. Não apenas na contratação de medalhões e comissões técnicas estrangeiras, mas também na montagem do melhor grupo de profissionais possível para manter os jogadores saudáveis por mais tempo.

Faz pouco sentido ter tanto dinheiro disponível e começar o Brasileiro já com tropeços. Cinco pontos conquistados em 12 possíveis é um número baixo para quem mira o título. A Série A é longa, outros times vão oscilar. Ou não. Ano passado, o Flamengo de Rogério Ceni e Renato Gaúcho tropeçou no começo e depois passou o Brasileiro inteiro esperando que o Atlético também vacilasse. Não aconteceu.