Artilheiro do Bolívar revela objetivo contra o Flamengo e rebate críticas sobre altitude: ‘Conseguimos 4 pontos fora’

No Brasil, alguns torcedores e jornalistas costumam afirmar que o Bolívar se beneficia dos mais de 3.600 metros de La Paz. Para rebater as críticas, Chico da Costa ressaltou a invencibilidade da equipe fora de casa. Na Libertadores, o time boliviano goleou o Palestino (CHI) no Chile por 4 a 0 e empatou com o Millonarios (COL) na Colômbia em 1 a 1.

— *O Bolívar não é apenas um time favorecido pela altitude*, eu entendo que a altitude é um fator que contribui, mas o clube vai além do contexto do país. Sei que a Liga Boliviana não é tão competitiva. A altitude costumava ser um fator determinante, mas não mais. Como podem ver, já conquistamos quatro pontos fora de casa na Libertadores, o que demonstra que não somos apenas um time altitude — acrescentou Chico.

Chico está no Bolívar desde 2022. No Brasil, o atacante iniciou sua carreira no Athletico-PR, na mesma época de Léo Pereira, passando por clubes de menor expressão no Sul do país antes de se transferir para o México. Por lá, vestiu as camisas do Venados (MEX), Atlante (MEX) e Querétaro (MEX). Posteriormente, retornou à América do Sul, jogando no Paraguai (Sol de América) e na Colômbia (Atlético Nacional). Pelo clube boliviano, são 49 gols e 20 assistências em 78 partidas. Confira, a seguir, outros pontos da entrevista.

*Sei que todos pensam que devemos ter uma postura definida no jogo, seja para se defender, atacar mais ou buscar o jogo. No entanto, nossa equipe possui uma identidade própria e procuramos mantê-la em qualquer campo. Isso não significa que, se necessário, não iremos nos defender para conquistar um empate fora de casa, como foi o caso no Maracanã, para somar um ponto. Mas a nossa ideia é manter o nosso estilo de jogo, aquele que praticamos em casa. A posse de bola e a troca de passes são características fundamentais do nosso jogo. Será mais desafiador no Maracanã, mas sempre tentaremos manter o nosso estilo, não apenas no Maracanã, mas em todos os lugares, buscando nunca alterar a nossa forma de jogar*.

*Não recebi muitas mensagens. Apenas algumas quando o Flamengo perdeu para o Palestino, questionando se usaríamos o time titular contra o Millonarios. No entanto, não tenho muitos parentes torcedores do Flamengo, apenas alguns amigos. Certamente, haverá muitas pessoas no Maracanã que conheço, aproveitarei a oportunidade para rever amigos e familiares, mas não foram tantas mensagens assim*.

*O Bolívar não se resume apenas à altitude. Reconheço que a altitude é um fator benéfico, mas o clube vai muito além do contexto nacional. Sei que a Liga Boliviana não é muito competitiva. As condições atuais são muito favoráveis, apesar de o clube não ter uma grande expressão na América do Sul. O Bolívar se destaca devido aos investimentos realizados por Claure, o presidente. A equipe está construindo um novo estádio, e no próximo ano completará cem anos. Além disso, investe em infraestrutura. Hoje, contamos com uma das melhores equipes bolivianas, com grande parte dos jogadores integrando a Seleção. A altitude já foi um fator determinante, mas não é mais. Como podem ver, já conquistamos 4 pontos fora de casa na Libertadores, demonstrando que não somos apenas um time de altitude*.

*Falando sobre a altitude, não há hipocrisia aqui. Não posso negar que ela influencia e dificulta para quem está ao nível do mar. O clima é um fator presente em diversos lugares, seja o calor e a umidade no Brasil, o frio e a neve na Europa, entre outros. A altitude é mais um fator climático, porém, é o que mais interfere diretamente na oxigenação. É mais desafiador para quem vem do nível do mar, mas não é o fator mais determinante. Caso contrário, o Bolívar já teria conquistado alguma Libertadores, o que não ocorreu. Acredito que a estruturação do clube, como o Bolívar tem feito, é o fator mais relevante para as conquistas dos últimos anos*.

*Seria muito interessante, de fato, demonstraria a todos a campanha que fizemos, o bom início na Libertadores, se conseguíssemos chegar ao Maracanã classificados. No entanto, é bastante distinto classificar em primeiro ou segundo na Libertadores, pois ao classificar em primeiro, evita-se os melhores times. Decidir o segundo jogo em casa, como mandante, é uma motivação extra, principalmente para o Bolívar, que é muito forte em La Paz. Temos a oportunidade de conquistar isso no Maracanã. Todos estão com essa esperança*.

*Não vejo desvantagem física, se houver alguma, seria para nós, devido às viagens para a Colômbia, o retorno e as dificuldades logísticas desde La Paz. Temos enfrentado muitas viagens seguidas, com pouco tempo para treinar, ao contrário do Flamengo, que teve mais descanso em casa. Isso não será uma desculpa para nós. Acredito que ambas as equipes chegarão em igualdade, sem diferenças significativas*.

*Nota da redação: Com um time alternativo, o Bolívar venceu o Independiente Petrolero (BOL) por 1 a 0 no domingo (12), pelo Campeonato Boliviano*.

*Não tenho o sonho de defender a Bolívia, mas devido ao respeito que tenho por Zago, que foi meu treinador em 2022 no Bolívar, sinto-me boliviano de certa forma. Tenho grande apreço por ele e confio em seu trabalho. Atualmente, jogaria por ele, onde quer que fosse, mas aproveitando a situação de estar na Bolívia e ele trabalhando na Seleção, seria algo interessante, embora improvável no momento. Para representar a Seleção, seria necessário viver no país por pelo menos cinco anos, o que não é o meu caso. É apenas um pensamento, pois gostaria de contribuir com o trabalho do Zago na Seleção, mas não é um desejo forte representar o país, essa não é minha aspiração, ainda que fosse algo interessante trabalhar com o Zago, onde quer que seja*.

Publicado em colunadofla.com