A frieza do matador, destacada na narração de Luciano do Valle, foi o maior lance da carreira de Lê. Ele foi o autor do gol que deu ao Flamengo seu último título internacional, a Copa Mercosul de 1999, com um toque cheio de classe, sem chances para o goleiro Marcos, do Palmeiras. Quarta-feira, sonha em presenciar ao vivo o jejum ser quebrado, na decisão da Sul-Americana contra o Independiente, da Argentina. Por mais que a conquista ofusque um pouco seu feito de 18 anos atrás.
– Ainda sou lembrado, 18 anos depois. Quando fiz o gol, Célio Silva falou para mim que eu havia entrado para a história, que passaria muita coisa, muitos jogadores, e eles não teriam a mesma importância. Hoje eu vejo isso. Estou muito feliz, o pessoal todo me procurando. É gratificante à beça – destacou.
Há semelhanças entre aquele Flamengo que empatou em 3 a 3 no Parque Antártica e o atual, que precisará vencer o rival argentino no Maracanã para dar a volta olímpica. A maior delas, segundo Lê, é a presença dos garotos formados no clube. Enquanto que Rueda conta com Lucas Paquetá, Felipe Vizeu, Vinicius Júnior como armas, Carlinhos tinha em Reinaldo, Athirson e no próprio Lê suas pratas da casa. É inclusive um garoto da base que o herói em 1999 aponta como favorito para repetir seu feito quarta-feira:
– Vinicius Júnior é um garoto muito bom. Ele está subindo agora, tem 17 anos, mas muita personalidade. Eu acredito muito que ele possa dar ao Flamengo a alegria que eu dei na Mercosul.
Outro ponto em comum entre os campeões de 1999 e os postulantes de agora é Juan. O zagueiro, uma promessa no fim dos anos 1990, é o mais experiente do elenco atual. Foi companheiro de Lê durante toda base rubro-negra e juntos deram a volta olímpica em São Paulo. Pelo que representa para o Flamengo, o ex-jogador espera que o amigo seja reverenciado em caso de título no Maracanã.
– Ele tem que ser o capitão e levantar a taça para mim. Sei que o Réver é quem tem jogado com a faixa, mas o Juan merece, por tudo que ele já fez no clube. Tomara que ele não pare este ano. A história dele é maravilhosa – ressaltou Lê.
Aos 38 anos e aposentado desde 2012, quando defendeu o Luverdense, ele oscila entre a satisfação com o presente do Flamengo e a expectativa quanto ao futuro, encarnado no filho João Gabriel, de 16 anos, meia do time juvenil rubro-negro. Leandro Coelho Cardoso tem propriedade de sobra para dar conselho a quem sonha em fazer história na equipe. Para ele, o caminho das pedras que trilhou 18 anos atrás era mais acidentado do que esse que os garotos possuem pela frente hoje.
– Falo sempre para o meu filho aproveitar, porque essa estrutura que tem hoje, não existia no meu tempo. Bate aquela inveja boa, os caras agora têm tudo. Esses meninos precisam aproveitar o que o clube tem de melhor, eles são o futuro do Flamengo – concluiu.
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