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Berrio na lateral do Flamengo pode representar reaprendizado da palavra polivalência

Cláudio Coutinho foi um técnico à frente de seu tempo. Talvez tão à frente que dirigiu a seleção brasileira na Copa do Mundo para a qual não estava pronto, na Argentina, em 1978. Morreu em 1981, quatro dias depois de o Flamengo ganhar a Libertadores, e deixou como legado uma série de expressões aparentemente absurdas para quatro décadas atrás, totalmente atuais em 2020.

Coutinho falava em overlaping, para explicar a ultrapassagem do lateral-direito pelo ponta direita, para alcançar a bola no ponto futuro.

Em 1978, chegou a escalar dois laterais do mesmo lado do campo. Nelinho e Toninho jogaram assim contra a Espanha, os dois titulares. O cruzeirense na defesa, e o rubro-negro improvisado como ponta.

Desde que ficou claro que Berrio é uma opção que Jorge Jesus considera para substituir Rafinha, a lista de jogadores que atuaram como pontas e recuaram para ser laterais só aumentou. Antonio Valencia, no Manchester United, Ashley Cole, no Aston Villa e no United, e Victor Moses, hoje na Internazionale.

No Brasil, é mais fácil encontrar laterais que atuaram na segunda linha, no meio-de-campo, pelo lado direito. É o caso de Daniel Alves, campeão da Copa América em 2007 disputando a final como meia ponta e substituto de Elano durante a Copa de 2010, na África do Sul, na ponta direita no sistema 4-2-3-1 montado por Dunga.

No início de carreira, Elano consagrou-se como ponta, no 4-2-3-1 do Santos campeão brasileiro de 2002. No ano seguinte, Émerson Leão experimentou escalá-lo na lateral direita no estadual. Não funcionou.

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O exemplo mais bem acabado talvez tenha sido Cafu, nascido volante, adaptado na lateral e escalado brilhantemente por Telê Santana como atacante pela direita, com a camisa 11, no título paulista de 1992 e no Mundial contra o Barcelona. No ano seguinte, Cafu retornou para a lateral direita e foi bi mundial contra o Milan.

Berrio tem a mesma força. Se vai funcionar a adaptação, dependerá de sua capacidade de sacrifício, para aprender a marcar e obrigar o atacante a jogar pelo lado externo do campo, sem dar chance de entrar em diagonal para finalizar.

De toda maneira, o pensamento de Jorge Jesus dar a Berrio uma nova função ajuda a lembrar que o futebol moderno exige versatilidade. No velho vocabulário de Cláudio Coutinho, polivalência.

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Fonte: https://globoesporte.globo.com/blogs/blog-do-pvc/post/2020/03/03/berrio-na-lateral-pode-representar-aprendizado-da-palavra-polivalencia.ghtml

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