Doze colheres de sopa de farinha de trigo, uma de fermento em pó, duas de manteiga, duas xícaras de açúcar e uma de leite – além de margarina e farinha para untar. Joga-se essa porra toda no liquidificador, deixa-se batendo por 10 minutos e despeja-se tudo naquela forma com um buraco no meio. Depois disso, coloca-se no forno por meia hora e, se o forno ficar bem fechadinho, o bolo não sola e sai perfeito.
Infelizmente, montar um TIME de futebol competitivo não é tão simples. Não basta seguir a risca uma receita de bolo.
Lida-se com jovens de idades diferentes, salários diferentes, objetivos diferentes, personalidades diferentes, habilidades diferentes, capacidades físicas diferentes, vaidades diferentes, opções religiosas diferentes e nacionalidades diferentes.
O responsável precisa ser psicólogo, pai, padrasto, irmão, e patrão; além disso, necessita manter a vara curta com mais de trinta jovens milionários, a esmagadora maioria deles vinda de situação de quase miséria, e sonhando ir jogar na Europa.
Definitivamente, não é uma tarefa das mais simples!
Talvez, isso justifique o fato de UM MONTE de gente ter passado as últimas semanas pedindo a cabeça do nosso treinador, mesmo sendo ele reconhecidamente de ponta e tendo sido sonho de consumo de grande parte da nossa torcida por ANOS. Bastou apenas cinco meses para ele se tornar vilão e sucumbir à pressão.
Não sou o maior fã que o EBM tem, e a maioria do pessoal aqui sabe disso, mas seria leviano da minha parte criticar uma administração que escolheu profissionais, que eu mesmo teria escolhido, como Muricy e Rodrigo Caetano.
Pelo mesmo motivo, que me perdoem os discordantes, não posso criticar o Caetano.
Precisávamos de um técnico? Veio o Muricy.
Precisávamos de um goleiro? Veio o Muralha.
Precisávamos de um lateral direito? Veio o melhor do Brasileiro do ano passado.
Precisávamos de volantes? Vieram Cuellar e Arão.
Precisávamos de um meia? Vieram Ederson e Mancuello.
Precisávamos de um Matador? Veio o MAIS badalado do país.
Precisamos ainda de zagueiros, é verdade, mas trouxemos o Juan, que, cntrariando previsões, vem se mostrando bastante útil. O problema é que dispensamos dois incompetentes, o outro se demitiu, e bons zagueiros no mercado estão mais difíceis que cesta básica na Venezuela. Não está faltando empenho para resolver esse problema, além de existir grana pra bancar esse investimento. O que falta mesmo é um nome em quem realmente valha a pena investir.
Neste momento os resultados são PAVOROSOS, sem dúvida. Nosso time demonstra insegurança, desarrumação e um claro abatimento.
Mas rejeito TOTALMENTE a tese da falta de dedicação. Pode estar faltando organização, assimilação tática, aproximação dos setores, velocidade na recomposição do sistema defensivo e até um tostãozinho de sorte. Dedicação NÃO!
Há poucos dias atrás, lembro que nossa equipe de basquete recebeu uma avalanche de críticas de todos os tipos, pela sua incapacidade de converter lances livres e acabar sendo eliminada na Liga das Américas. Foi taxada de incompetente, sem sangue, sem alma, sem cara de Flamengo e ofendida de todas as formas possíveis. Mas bastou a torcida comparecer em massa, e dar SHOW nas arquibancadas, para contagiar essa mesma equipe, reverter totalmente o quadro e hoje já estarmos TODOS aqui “abanando o rabinho” para ela novamente.
Se esse apoio funcionou tão bem com o basquete, será que não poderia funcionar também no futebol?
Entendo o nosso torcedor criticar, reclamar, vaiar e xingar todos os departamentos do clube. O momento atual acaba levando a isso, especialmente quando influenciado por alguns XIITAS das Redes Sociais, que costumam eleger um “Cristo” por semana.
Só que já temos gente DEMAIS trabalhando e torcendo contra e, como torcedores do Flamengo que somos, não me parece inteligente fazer coro com esse pessoal.
Tenho plena consciência que faço parte de uma minoria com essa visão e vou receber críticas de todos os lados. Sem problemas, não será a primeira vez. Sei também que o Flamengo não vai ter “casa” pra jogar na maior parte desse Brasileiro, vai se desgastar mais do que seus adversários, começar um novo trabalho com o treinador que virá e talvez por isso não chegue a ser Campeão.
Mas continuo absolutamente convicto de que, com dois bons zagueiros, temos um elenco qualificado o bastante para, apesar de todas essas dificuldades, chegar MUITO mais alto na tabela do que alguns “intendidos” estão imaginando.
Meu maior receio é que essa ansiedade por bons resultados no campo acabe sacrificando um grupo com possibilidades reais de se tornar vencedor, como teria acontecido com a geração mais vitoriosa da nossa história (não fosse o gol do Rondinelli) e acabou acontecendo com a segunda mais qualificada que tivemos (de Dijalminha, Marcelinho, Paulo Nunes, Junior Bahiano etc).
Alguém que se intitule Torcedor do Flamengo, e que possua um mínimo de conhecimento da nossa história, NÃO TEM o direito de se entregar ou desacreditar. Com alguns pequenos ajustes, nós VAMOS superar essa fase e dar a volta por cima. Podem me cobrar isso no final do ano.
Fonte: null
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