Bruno Henrique, jogador do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal por suposto envolvimento em apostas esportivas. O incidente ocorreu durante o Brasileirão de 2023, quando o atacante recebeu dois cartões amarelos em um jogo contra o Santos, supostamente para beneficiar apostadores. Conversas no WhatsApp entre o atleta e seu irmão, Wander Júnior, estão incluídas no relatório da investigação.
Bruno Henrique, atacante do Flamengo, está sendo investigado pela PF por estelionato e fraude em competição esportiva. O nome do atleta surge em uma apuração sobre manipulação de resultados.
Wander: ‘O tio, você está com 2 amarelos no Brasileiro.’ Bruno Henrique: ‘Sim.’ W: ‘Quando o pessoal mandar tomar o terceiro, ‘liga nós’, hein (risos).’ BH: ‘Contra o Santos.’ W: ‘Daqui quantas semanas?’ BH: ‘Olha aí no Google.’ W: ‘Dia 29 de outubro. Será que você vai aguentar ficar até lá sem cartão?’ BH: ‘Não vou reclamar. Só se eu entrar forte em alguém.’ W: ‘Boa. Já vou guardar o dinheiro. Investimento com sucesso.’
BH: ‘O Juninho, você consegue fazer pix alto no valor da sua conta?’ W: ‘Consigo, BH. Qual o valor?’ BH: ’10 conto.’ W: ‘Consigo.’ BH: ‘Me manda seu pix aí. Vou te mandar os 10k.’ W: ‘Fazer gol, hein, viado. Está no meu Cartola.’ BH: ‘E você transferir para o Pix que eu te mandei aí.’ W: (envia o CPF) BH: ‘Você não pode ser. Temos nomes iguais.’ W: ‘Vai dar ruim? O que era?’ BH: ‘Vai. Negócio de aposta aqui.’ W: ‘Uai, dá essa ideia aí que eu vou apostar. Estou precisando de dinheiro (risos).’
BH: ‘Esse aqui é pesado, não dá para você, não.’ W: ‘Se eu ganhar mil reais, tá bom. Se for coisa certa.’
BH: ‘Tem que ter 10 mil todo fim de semana.’ W: ‘Ah tá. Eu ia apostar, agora estou precisando de mil. Ia apostar agora. Manda numa conta de terceiro e ele me manda.’ BH: ‘To vendo aqui já. Você não dá.’ W: ‘Entendi. Meu olho até brilhou. Não dá para tomar cartão hoje, não?’ BH: ‘Dá, não. Tenho um já.’
W: ‘Fala, tio. Bom ou não?’ BH: ‘Fala aí beleza.’ W: ‘Sim, e você?’ BH: ‘Blz.’ W: ‘Tá com 2 de novo, hein. Quando for o 3 avisa eu.’ BH: ‘Caraca, me chamou para falar disso. Tá de brincadeira, né, viado.’
Em novembro do ano passado, todos os envolvidos foram alvo de uma operação de busca e apreensão, na qual tiveram seus celulares confiscados. Além de Bruno Henrique e Wander, também foram indiciados Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander, e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima do jogador. Os três participaram de apostas.
Há, além disso, um segundo grupo de apostadores formado por Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Rafaela Cristina Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Max Evangelista Amorim e Douglas Ribeiro Pina Barcelos – amigos de Wander, conforme as investigações. Portanto, ao todo, dez indivíduos foram indiciados.
Dessa forma, Bruno Henrique e Wander foram indiciados com base no artigo 200 da Lei Geral do Esporte – que proíbe fraudar ou contribuir para fraudar, de qualquer maneira, o resultado de competições esportivas ou eventos a elas associados –, com penas que variam de dois a seis anos de reclusão, além de estelionato, que prevê pena de um a cinco anos de prisão. Já os demais envolvidos responderão por estelionato.
Assim, a investigação do ‘caso Bruno Henrique’ teve início em agosto de 2024, após operadores reportarem volumes de apostas superiores ao normal na partida contra o Santos, realizada em Brasília, pela 31ª rodada do Brasileirão 2023. Antes de mais nada, três casas de apostas emitiram alertas, e uma delas registrou 98% de todas as apostas de cartões daquele confronto.
Publicado em colunadofla.com
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