Ser Flamengo é um exercício contínuo de intensa paixão. Não se trata daquela paixão serena e calculada, que se acomoda na rotina diária. Trata-se da paixão daqueles que vivem à flor da pele, que roem as unhas, que sentem o estômago revirar, que gritam mesmo quando tudo parece perdido. Talvez, justamente por parecer perdido.
Você se senta para assistir a uma partida acreditando que será apenas mais um jogo. Um domingo qualquer, um confronto habitual. Contudo, lá pela metade do segundo tempo, com o placar apertado e o tempo correndo contra, você percebe: não há rotina possível no rubro-negro. Há tensão, há urgência, há entrega.
E quando o gol acontece, porque às vezes ele acontece, não se trata apenas de um gol. É uma explosão. É a libertação de dias contidos, de emoções reprimidas, de tudo aquilo que foi guardado e não foi expresso.
É nesse momento que ocorre a catarse rubro-negra: A dor que se transforma em alívio, O sofrimento que se converte em glória, A respiração que retorna ao seu ritmo, O corpo que se liberta do peso da espera.
Não importa se é Libertadores, Campeonato Carioca ou um jogo em um campo desconhecido transmitido por uma câmera tremida. O coração não faz distinções. Ele pulsa da mesma forma e também sofre da mesma maneira.
O flamenguista nasce, morre e renasce a cada partida. É um ciclo eterno de entrega. Porque ser Flamengo não é apenas torcer. É viver em estado de combustão. É amar sabendo que haverá dor. E, mesmo assim, amar ainda mais.
Publicado em colunadofla.com