Paulo Sérgio Luiz de Souza foi artilheiro na base do Flamengo. Marcou gol aos 17 anos em clássico contra o Botafogo pelos profissionais e foi cercado de muita expectativa desde muito novo. Tanto pela mídia, pelos torcedores e até pelos dirigentes rubro-negros, que o alçaram ao status de joia em 2007. Os anos passaram e, com a ausência do balançar das redes que lhe acabaram jogando na areia movediça de surgir tão novo e despreparado em um clube com tanta pressão, “Dindo”, como era conhecido, acabou se tornando andarilho da bola e nunca se firmou no Rio. Foi emprestado para Figueirense, Estoril de Portugal e Náutico. E acumulou sucessivos questionamentos e frustrações até deixar o clube em 2013. Passou ainda por Operário Ferroviário, Paraná, Avaí, Criciúma… até desembarcar do outro lado do hemisfério, para reencontrar a alegria de jogar futebol na Ásia, na Coréia do Sul, onde está desde 2016.
– Estou indo para o meu segundo ano na Coréia. Ano passado fui campeão, estava lá no Daegu. Tive uma temporada muito boa, graças aos companheiros que estavam comigo. Fiz 17 gols em 33 jogos. Este ano acabei recebendo uma proposta muito boa, muito satisfatória do Seongnam, que é um clube grande aqui também. O maior vencedor da Coréia. Eu tive escolha e acabei aceitando. Estou muito feliz e bem adaptado na equipe, ao país – afirma o atacante, que já marcou dois gols em seis jogos pelo novo time coreano.
Apesar de estar realizado com a vida e o bom momento na Coréia do Sul, Paulo Sérgio não esconde: segue acompanhando o Flamengo mesmo do outro lado do mundo. O atacante, inclusive, opinou sobre o momento do clube e acredita que a situação melhorou muito para quem está no Rubro-Negro atualmente.
– Estou sempre acompanhando, na torcida. Feliz pelo que o Flamengo está fazendo de uns tempos para cá com a presidência do Bandeira. Os caras realmente acertaram o Flamengo. Hoje, você vê um Flamengo diferente, com estrutura de primeiro mundo. Com as contas se acertando para deixar o clube em uma situação cada vez melhor. Fico feliz de estar acompanhando, mesmo de longe. Na torcida também pelo Zé, que eu conheço há bastante tempo. Um rapaz com futuro brilhante. E essa missão de guiar o Fla não é para qualquer um – disse Dindo, em entrevista ao GloboEsporte.com, que você confere outros trechos abaixo.
Sem perrengue
– Eu até me surpreendi na adaptação à Coréia. No início pensei que seria mais complicado. Mas busquei informações de pessoas que já tinham jogado aqui e que ainda estavam. E todos falaram para eu vir de olhos fechados, que o país é maravilhoso. Então decidi vir e não me arrependi. Encontrei tudo que me passaram. É um país que te dá todas as condições de trabalho.
Mais tempo em “casa”
– A vida aqui é muito boa, muito tranquila. É um país tranquilo para morar. Você consegue viver bem, tem qualidade de vida. Treina muito, treina bastante. Mas acaba que você tem mais tempo para ficar com a família. As viagens geralmente são curtas. Você não fica se locomovendo de avião. O máximo que você pega é um trem, dependendo da cidade que você vai jogar. Mas geralmente vai mais de ônibus. E quando tem jogos fora acabamos voltando depois do jogo. É bem tranquilo mesmo. Dá para aproveitar bem com a família. Inclusive tenho uma filha que nasceu aqui no ano passado. Fico muito feliz de ter esse tempo para dedicar a ela.
Tempero brasileiro
– A gente encontra tudo no país, tem churrascaria brasileira. Então, acaba que matamos um pouco a saudade. Sempre que podemos estamos indo, encontrando com os outros brasileiros que estão aqui. Tem essa proximidade, colocamos o papo em dia. E tem segurança para viver. Acaba que pensa um pouco e prefere ficar por aqui um bom tempo.
Um bom filho a casa torna
– Tenho o sonho de voltar ao Brasil e tenho certeza que esse sonho será realizado. Mas quero permanecer aqui uns dois ou três anos. E depois, com certeza, olhar com carinho uma volta ao Brasil, porque eu tenho muita vontade, sim. Pela família, por ser o meu país, por ter os amigos perto. E a competição também. O futebol de um nível maior. Então, com certeza, eu penso em voltar, sim. Agora está caminhando tudo bem aqui.
Sustos com o vizinho
– Eu passei um pouco de pavor ano passado com a vizinha Coréia do Norte, que fez uns testes de bombas nucleares que acabaram afetando a Coréia do Sul, que é do lado. Então, tivemos alguns terremotos por aqui. De magnitude baixa, mas que chegaram a assustar. Foi uma situação chata, cheguei até a falar sobre isso ano passado. Fora isso, tudo tranquilo. O idioma é complicado, mas vamos pegando no dia a dia, quando vai ao mercado. Não dá para falar fluente, não. Porque o negócio é tenso, é complicado. Mas vamos nos virando.
De olho no futebol brasileiro
– Sempre que tenho um tempinho, sempre acompanho. Devido ao fuso horário fica um pouco difícil, são 12 horas de diferença, então acaba que não consigo ver os jogos. Vejo mais as notícias, quando reprisa, as notícias na internet. Quando dá, eu assisto, quando não dá, apelo para as notícias no outro dia quando acordo.
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