Fim de uma temporada amarga para o Flamengo, marcada pela falta de títulos e muitas turbulências. No entanto, a simples chegada de Tite ao Ninho do Urubu já marcou uma mudança clara de comportamento do cotidiano e que vai se estender para 2024 na busca por uma volta por cima.
O tom frio, distante e pouco afeito a trocas de ideias entre Jorge Sampaoli e sua comissão com o elenco deu lugar a um panorama oposto com Tite e seu grupo de trabalho. Era simples observar no vídeo divulgado pelo Flamengo do técnico cumprimentando vários profissionais de cada departamento no tour que fez pelo CT em seu primeiro dia. “Já deu mais bom dia em um minuto do que o anterior em meses”, era frase recorrente interna nos corredores do Ninho.
Simbólico. Além de uma chacoalhada tática, o Flamengo carecia de uma mínima sensibilidade de gestão de pessoas, todos apontavam internamente essa necessidade. O presidente Rodolfo Landim resistiu até onde pôde para bancar o treinador de sua escolha. Com um elenco ainda maculado pela falta de diálogo no dia a dia com Jorge Sampaoli e a agressão do então preparador físico Pablo Fernández a Pedro, que acelerou a deterioração da relação, a aceitação de Tite foi imediata. Inclusive pela torcida.
A rejeição que havia devido aos tempos de seleção brasileira, quando convocou jogadores e desfalcou o Flamengo especialmente no Campeonato Brasileiro de 2021, se dissipou. Tudo em nome da esperança de um bom trabalho. Um time mais organizado era o esperado. Foi o que se viu já na estreia contra o Cruzeiro. Um Flamengo melhor distribuído em campo, mais compacto e com uma hierarquia que foi construída aos poucos: Pedro é o número um do ataque. Everton Cebolinha foi recuperado e deixou Bruno Henrique, antes absoluto, no banco. Um time com maior vigor físico e mais competitivo. Para disputar vaga na equipe de Tite será preciso se encaixar nesse perfil.
Gabigol, por exemplo, segue no banco de reservas. Sem cara feia, sem rebeldia. Está barrado e por vezes sequer entra durante os jogos. Tite, ao seu modo e com silêncio, administra a questão. Mas sabe que é um fogo brando que pode explodir a qualquer momento. Por isso gerir pessoas é sempre fundamental num caldeirão como o Ninho do Urubu. Reforços para defesa, meio-campo e laterais são pensados para a próxima temporada. O elenco apresenta deficiências nesse sentido. E Tite sabe disso.
A indicação, no entanto, é de um saldo positivo do seu trabalho. A meta era o G-4 e o Flamengo chegou a empatar com o Palmeiras em pontuação na ponta da tabela. Criou expectativa de título, como o próprio Tite admitiu, mas a sua chegada foi pensada para a temporada 2024. Nesse sentido, ainda que devido a insucessos, o Flamengo adiantou a agenda em relação a outros anos. Não haverá novela de técnico na passada de dezembro para janeiro. Tite reorganizou minimamente o furacão do Flamengo em 2023. E já foi o suficiente para mirar alto, de novo, para 2024.
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