Uma virada de lavar a alma. E também para reforçar um dilema que vem desde o início do ano no Flamengo. Manter os pontas, com Gabriel, Everton, Marcelo Cirino ou Fernandinho ou povoar mais o meio de campo, tornar a equipe menos veloz e com passe melhor nos pés de Mancuello, Alan Patrick e Diego? O técnico Zé Ricardo tem preferência clara: jogadores que atuam pelos lados, que marcam e atacam na mesma intensidade. A virada sobre o Cruzeiro não permite chegar a muitas conclusões. Zé tirou Márcio Araújo para colocar Mancuello e avançar o time e tudo aconteceu depois desta substituição. Gol mineiro e virada dramática rubro-negra.
Sem desviar da responsabilidade pela mexida, Zé admitiu que tirar Márcio deixou o time mais exposto sem o jogador que mais desarma, cobre lateral e corre atrás para recuperar a bola no meio de campo. Ao mesmo tempo, o que já havia acontecido em outras partidas, por exemplo contra a Chapecoense – quando colocou mais um meia (Mancu) e outro atacante, aproximando a equipe de um 4-4-2 – e diante do Palestino em Santiago, repetiu-se diante do Cruzeiro. Com jogadores mais técnicos, a equipe mostrou criatividade e não ficou restrita às jogadas pelas laterais – o que é mais comum na formação com os pontas.
Antes do jogo com o Cruzeiro, Zé Ricardo disse que pensava em escalar Fernandinho de saída, mas preferiu manter Gabriel e Everton. A dupla não foi brilhante. Fernandinho tentou também jogadas individuais no segundo tempo e não foi feliz desta vez. A cadência e a habilidade de Alan Patrick abriram a defesa do Cruzeiro. Foi dele o passe para Guerrero chutar no primeiro gol e também saiu dos seus pés a bola açucarada para Mancuello virar a partida. Veja nos vídeos as jogadas inteiras de cada gol marcado pelo Flamengo contra o Cruzeiro.
– Eu gosto de trabalhar com homens abertos, mas um deles tem que ser mais agudo, mais vertical. Outro que fique mais auxiliando o meia central. O Alan Patrick tecnicamente dispensa comentários. Ele é super inteligente, é uma peça chave no nosso elenco. Tecnicamente íamos ganhar com a entrada dele e hoje deu certo novamente – disse o treinador.
Se aprovou a entrada de Alan Patrick, o posicionamento de Arão como primeiro volante não passou no teste. Além do gol, quando Rafinha saiu riscando do lado direito de Pará, passou por Réver e marcou, o jogador cruzeirense repetiu a jogada passando para Ábila perder um gol feito quando a partida estava 1 a 0. O meio de campo William Arão não conseguiu marcar o jogador.
– Pensamos em trazer o Arão um pouquinho para trás, até pelo desgaste do Márcio, para dar liberdade ao Diego e ao Mancuello na criação, mas a substituição acabou não dando tanto resultado assim. A gente ficou bem exposto. O cansaço de alguns atletas ficou evidente e o Cruzeiro teve contra-ataques e podia vencer – afirmou Zé Ricardo.
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