O Flamengo tem passado por uma forte reestruturação, que tivera início em 2013, visando colher bons frutos ao passar dos anos. A atitude deu resultado, e o Rubro-Negro passou a colher resultados importantes, como os títulos do Campeonato Brasileiro e da Libertadores da América. Porém, outras equipes não pensam em fazer o mesmo e costumam gastar bem mais do que ganham. Por isso, o consultor de gestão e finanças do esporte César Grafietti traça um panorama preocupante sobre agremiações que atualmente têm dificuldades para fechar suas contas.
— Alguns clubes não vão acabar, mas vão virar anões esportivos. Enquanto os demais clubes se fortalecem e pegam uma distância tão grande, outros jamais voltarão a competir com a mesma condição se não se reorganizarem -, afirmou, em entrevista ao Lance!, antes de prosseguir:
— O primeiro passo é que estes clubes entendam que não se aproximarão da mesma capacidade de competição dos maiores se não se reformularem. E mesmo com uma reformulação, será quase impossível um clube de faturamento de R$ 300 milhões competir com um que fatura hoje R$ 1 bilhão. O nível de gastos é diferente -, ponderou.
Para muitos, a alternativa de se tornar clube-empresa é a saída para o sucesso. O consultor, no entanto, não enxerga bem assim. Ele até acredita que possa ser uma boa saída, mas não é a única. César Grafietti usou o Cruzeiro como exemplo a não ser seguido, pelo fato do time mineiro ter gastado bem mais do que arrecadou nos últimos anos. Além disso, Grafietti apontou o caminho a ser seguido pelos dirigentes brasileiros.
— O Cruzeiro, por exemplo, chegou a ter R$ 300 milhões de receitas mas gastava como um clube que rendia R$ 450 milhões e era vitorioso. A conta veio depois. De qualquer forma, hoje há alavancas que ajudam a reestruturar as equipes. Porém, há clubes como Botafogo e Cruzeiro que, caso não se reestruturem, deixarão de ser competitivos. Isto deve servir de exemplo para os demais. O Botafogo luta a duras penas para se manter na elite, enquanto o Cruzeiro nem isso conseguiu. Ouvi muito a expressão “cruzeirar”, que virou sinônimo de “se você continuar fazendo isto, olha o seu fim”. É um sinal de alerta, uma referência. Passará a existir também o fair play financeiro, operação para gerar mais transparência e tentar equilibrar o mercado. Com uma regulação, a indústria se fortalece e faz com que os dirigentes sejam estimulados a deixar suas contas em ordem, com cada clube gastando o quanto tem condições -, opinou o consultor, que concluiu:
— Montando uma base eficiente, sendo certeiro nas contratações, buscando alternativas, como conquistas de copas… A Copa do Brasil, por exemplo, é supervalorizada! Caso um clube não consiga competir pelo Brasileiro com rivais de maior investimento, ele vai buscar uma vaga na Libertadores, conquistar a Copa do Brasil, a Sul-Americana também. Isto aumenta a receita e paulatinamente faz com que a equipe se aproxime dos mais rentáveis. A reestruturação dá frutos. A Atalanta é um bom exemplo. É um clube pequeno, numa cidade pequena, que está nas quartas de final da Liga dos Campeões, consegue fazer muito dinheiro com venda de atletas, tem uma estrutura bem montada… Os dirigentes brasileiros têm de olhar com atenção para este clube -, encerrou.
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