Meus amigos rubro-negros, quantos anos passamos imaginando quando veríamos algo parecido com 1981? Vários, e nem os anos seguintes daquela geração foi tão vitoriosa, nos anos seguintes não se repetiu a beleza, não se repetiu as conquistas. Revisitando aquele período, que começou a ser construído ainda em 1977, vários treinadores dirigiram aquela geração. O título da Libertadores levou 38 anos para se repetir, e olha que em 82, o Flamengo entrou na semifinal e não conseguiu chegar à decisão.
Voltando para 2019, ano mágico desta geração, o encantamento, a forma de jogar, a dominância dentro de campo, pode ser vista ou até mesmo repetida, mas de outras formas. Os anos seguintes mostram isso. E quais os fatores que mostram que 2019 acabou?
Primeiro, que o técnico não é mais o mesmo daquele ano, nem mesmo nos times que dirigiu após deixar o Ninho do Urubu. Aliás, no momento em que estou escrevendo este texto, ele pode estar sendo demitido de seu clube na Turquia por baixo rendimento. Segundo que o time também já não é mais o mesmo. Daquela famosa escalação: Diego Alves, Rafinha, Rodrigo Caio, Marí e Filipe Luís; Arão, Gerson, Everton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol; seis jogadores ainda estão no elenco, mas não com o mesmo físico de 2019, Rodrigo Caio e Filipe Luís vivem se recuperando de lesões e hoje são reservas, Gerson voltou da Europa jogando menos do que quando saiu. Arrascaeta tem problema crônico no púbis, Bruno Henrique se recuperando de fratura, apenas Everton Ribeiro e Gabi estão bem, mas mudaram a forma de jogar.
Ou seja, 2019 acabou. Mas isso não é ruim, em nada na vida você deve se acomodar e a mudança se faz necessária sempre. Em 2020 fomos campeões brasileiros com Arão na zaga, ainda tinha rescaldo do ano anterior. Em 2021, que fomos vices, vimos um time golear, encantar, mas que sofreu com problemas físicos. Já no ano passado, vimos duas formações diferentes, mas que quando se misturavam tinha problemas, mas mesmo assim, vencemos.
Você até pode estar se perguntando onde quero chegar com isso. Pois bem, os melhores times do mundo, os times que são dominantes em seus países e que estão sempre brigando por títulos na Europa, mudam formação a cada jogo, se adaptam ao modo de jogar de seus adversários. Por exemplo: neste último final de semana, eu vi um time sem seu principal artilheiro, sem uma peça fundamental no ataque, escalar quatro zagueiros (um deles improvisado de volante), não ter nenhum lateral em campo sendo utilizados dois meias atacantes como alas, três volantes e apenas um atacante. Esse time goleou o Liverpool por 4×1. O que aconteceria com qualquer técnico aqui no Brasil se fizesse uma formação dessa? Seria preso logo no anúncio da escalação.
Vitor Pereira descobriu uma forma de enfrentar o Fluminense, foi assim na semifinal da Copa do Brasil ano passado. Forçar o jogo pelos lados com jogadores mais rápidos, deixar que trabalhem no meio sem opção de ampliar o jogo, e assim foi o primeiro tempo no sábado. A melhor chance tricolor foi após um passe errado do Gérson. No primeiro gol, o Flamengo atraiu a marcação, alongou a bola e pegou a defesa do Flu toda torta, tanto que pegou o Ayrton Lucas livre para abrir o placar.
Após o segundo gol, quatro mudanças que saiu do 3-4-3 e virou um 4-4-2 com Gabigol dentro da área junto do Pedro. Mais posse de bola no meio campo com Ribeiro e Vidal (que descia entre os zagueiros para iniciar a jogada), e assim veio o segundo gol com 29 trocas de passes e 1min colocando o Flu do Diniz na roda.
Não caiam na pilha que os três zagueiros serão eternizados na forma de jogar do Flamengo, em sua apresentação ao Flamengo, VP disse que tem como base o 4-3-3, mas que muda sempre de acordo com o jogo e com o adversário. Treina todos os jogadores para que nenhum sinta dificuldade na hora de jogar. E não tem medo de colocar no banco os maiores nomes do time, foi assim em todos os lugares em que passou.
O problema de ser assim no Brasil é que nossa cultura não aceita que se "mexa nos ídolos", que não mude o esquema que eu gosto e que é proibido pensar fora do que é comum. Aqui, criou-se a cultura do torcedor cliente, aquele que não aceita perder, que não aceita ganhar se não for dando show e goleando todo mundo. Um aviso para você que pensa assim, vá torcer pelos Harlem Globetrotters.
É óbvio que o time do Flamengo não está como queremos, mas está caminhando para chegar lá. Tem um caminho sendo trilhado que mostra um horizonte sim de vitórias, tem sido mostrado outras formas de se conseguir ganhar um jogo e uma coisa eu tenho certeza, você não verá mais um time engessado apenas em um esquema e em uma única forma de jogar.
Ah! E antes que eu termine, sei que muitos vão dizer que em 2019 o JJ não mudava o time e ganhou tudo. JJ não tinha o elenco que se tem hoje, seus reservas eram Vitinho, Lincoln, Reinier e Lucas Silva. Tanto que já mostrava que iria variar seu estilo em 2020 com as contratações que chegaram.
Enfim, antes de cair na pilha geral por uma nova crise, vamos apoiar e torcer para que o Flamengo volte a dominar seus adversários em campo.
Saudações Rubro-Negras!
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