Ao longo dos anos, tenho observado e comentado sobre as repercussões do narcisismo no futebol, especialmente quando este se estende além das quatro linhas e afeta a relação entre jogadores, clubes e torcedores. Gabriel Barbosa, conhecido como Gabigol, exemplifica de maneira clara como o ego pode assumir proporções que, em última análise, comprometem a essência do esporte e o respeito mútuo entre os envolvidos.
É inegável que Gabigol possui uma importância histórica significativa. Suas conquistas estão documentadas e sua relevância se mostrou indiscutível em momentos cruciais de uma fase gloriosa do Flamengo. Entretanto, o pedestal em que ele foi colocado tornou-se excessivamente elevado, alimentado pela paixão intensa que envolve tudo relacionado ao clube, o que parece ter impactado seu desempenho, sua personalidade e sua postura diante do time e da torcida.
O episódio mais recente e controverso, que envolveu a divulgação de sua saída durante a comemoração de um título, revela muito mais do que um mero movimento de carreira. Foi, no mínimo, um gesto calculado que soou desrespeitoso tanto para com o técnico Filipe Luís quanto para com a torcida flamenguista. Filipe Luís, uma figura que sempre respeitou as normas dentro e fora de campo, viu-se ofuscado por um ato que, aparentemente, visava apenas a busca por protagonismo pessoal. Da mesma forma, os torcedores, que poderiam ter celebrado de maneira mais intensa a conquista, tiveram sua atenção desviada por um anúncio inoportuno.
E quanto à diretoria do Flamengo? Uma gestão que, ao longo dos anos, mostrou grande respeito e valorização por seus atletas e ex-atletas. Foi essa mesma diretoria que apostou em Gabigol, reconhecendo seus méritos passados e garantindo a ele um espaço privilegiado no clube, com condições que muitos almejam. Mesmo assim, o gesto de saída, em tom de ‘troco’, como muitos se referem, parece ter traído essa confiança.
O que observamos foi um exemplo de comportamento marcado por traços dramáticos, onde a necessidade de atenção e validação superou o compromisso com a coletividade. Esse ato revelou egoísmo e uma provocação desnecessária, que não condiz com o respeito que o jogador havia conquistado ao longo dos anos.
Gabriel Barbosa, por tudo o que você fez pelo Flamengo, agradecemos. Sua contribuição para momentos históricos do clube não será esquecida. No entanto, é fundamental reconhecer quando uma história chega ao fim. Talvez o caminho que você trilha agora lhe traga novos desafios e conquistas, mas certamente também acarretará saudade – da torcida, do clube e do ambiente que um dia o acolheu como um herói.
A nós, resta seguir em frente, valorizando aqueles que permanecem comprometidos com o futebol e com o respeito às suas bases. E a você, Gabigol, desejamos boa sorte – que seus próximos passos sejam mais voltados para o campo e menos para os holofotes.
Publicado em colunadofla.com
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