A novela que se arrasta há quase um ano parece longe de seus capítulos finais. William Arão, Botafogo e Flamengo estão cada vez mais distantes de um acerto. No dia 5 deste mês, as partes se reuniram em audiência de conciliação, no Tribunal Regional do Trabalho. Na ocasião, as três partes concordaram, e o desembargador determinou que o processo fosse suspenso por duas semanas para que os clubes tentassem um acordo.
Após a audiência, o vice de Patrimônio do Flamengo, Alexandre Wrobel, procurou o Botafogo para tentar encerrar o assunto. O dirigente disse que o Flamengo tinha a intenção de usar o Estádio Nilton Santos e ofereceu R$ 3 milhões por dez jogos (R$ 300 mil por partida). Além disso, o Rubro-Negro se dispôs a emprestar o meia Adryan até o fim do ano, arcando com os salários do jovem. O Botafogo, que recebeu o Engenhão do Comitê Olímpico nesta segunda-feira, achou a oferta baixíssima e não topou o acordo.
Em contato com o GloboEsporte.com, Alexandre Wrobel confirmou que se reuniu na semana passada com o Botafogo, por intermédio do prefeito Eduardo Paes, para tentarem achar uma solução para o Flamengo jogar no Estádio Nilton Santos. Segundo ele, houve uma conversa para buscar uma composição, mas, como os números eram muito distintos, não foi possível um acordo. O dirigente ainda afirmou que não houve proposta colocada na mesa e não foi levantada a possibilidade de envolver atletas na negociação. Wrobel confirmou o interesse do Flamengo no Engenhão, mas acha muito difícil um acerto para o clube jogar no local.
Como não houve acerto, o juiz da 27ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro irá marcar uma data para julgamento. A expectativa é que isso ocorra ainda neste ano. Independentemente do resultado, ainda caberá recurso em última instância no Tribunal Superior do Trabalho, em Brasília.
O Botafogo promete lutar até as últimas instâncias para ser ressarcido pela perda do jogador. O fato de os advogados do Flamengo terem sido intimados a comparecer foi visto como sinal de que o desembargador poderia propor ao rival pagar uma quantia para encerrar o caso. No lado da Gávea, o departamento jurídico está tranquilo com o caso. A cláusula de quebra de contrato com o Botafogo era de R$ 20 milhões.
Arão já obteve duas vitórias na Justiça até o momento: em dezembro do ano passado, recebeu tutela antecipada que o permitiu se desligar do Alvinegro até o julgamento e deixou o caminho livre para se transferir para o Rubro-Negro. E em março, viu a juíza da 27ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro considerar nula a cláusula de renovação automática que havia em seu contrato em General Severiano.
Em novembro do ano passado, o Botafogo chegou a fazer duas vezes o depósito de R$ 400 mil para acionar o dispositivo de renovação automática, mas ambos foram devolvidos por Arão, que já desejava se transferir para o Flamengo. A Justiça tornou sem efeito a cláusula por entender que o contrato fere a nova resolução da Fifa que proíbe investidores de ter direitos econômicos de atletas. Na visão da juíza da 27ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, o próprio volante foi considerado seu “investidor” e dono de parte do montante econômico na renovação. O Botafogo discorda da interpretação e por isso leva o caso adiante, mas o departamento jurídico acredita que o processo pode durar meses ou anos para uma definição devido ao ineditismo da matéria.
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