O Flamengo divulgou nota oficial em que se posiciona sobre as confusões na final da Sul-Americana no Maracanã. No texto, atribuiu os problemas ao comportamento do torcedor, que forçou invasões mesmo sem ingresso, e ao policiamento, que não teria efetivo suficiente.
O clube rebateu o Gepe, que afirmou que os cartões de sócios-torcedores são o principal problema para o controle da torcida.
“Portanto, consideramos equivocada a justificativa dada pelo comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios de que apenas um fator – o uso de cartões-ingressos descarregados por sócio-torcedores mal-intencionados – seja a razão predominante para os acontecimentos de ontem. É importante citar que cartões-ingresso são amplamente utilizados em eventos esportivos no mundo todo, inclusive no Brasil, e são uma forma de oferecer conforto e comodidade aos torcedores que fazem uma contribuição fundamental ao Flamengo, além de representarem um fator inibidor do cambismo e de confusões na venda de ingressos, como as grandes filas e quebra-quebras em bilheterias.”
O clube lembra que alertou as autoridades de segurança sobre a necessidade de efetivo maior para o jogo por conta da venda antecipada. Em ata no dia 7 de dezembro, um documento foi enviado. Veja abaixo:
Confira a nota na íntegra do Flamengo:
‘O Clube de Regatas do Flamengo vem a público expressar sua indignação com os fatos ocorridos na noite desta quarta-feira, no Maracanã, durante a final da Copa Sul-Americana. E também se solidarizar com todos os torcedores que, de alguma maneira, foram afetados pela selvageria, violência e falta de cidadania daqueles que provocaram tumulto antes e depois da partida.
A confusão antes do jogo foi provocada primordialmente por um grande número de pessoas tentando entrar no estádio sem ingressos, o que, infelizmente, é um hábito comum e histórico em todas as partidas de grande apelo do clube no Maracanã.
O problema ocorrido após o apito final foi fruto da frustração de torcedores com o resultado, mas de forma alguma se justifica. Torcedores que amam o clube, suas famílias, além de profissionais atuando no jogo não podem ficar reféns, retidos no estádio, em função da ação de selvagens.
Cabe reflexão mais ampla e profunda sobre os fatos por parte da sociedade. Diferentemente de outros eventos no Rio de Janeiro, como o Rock In Rio ou o Carnaval que mobilizam enorme interesse e têm escassez de ingressos, o futebol padece de problemas mais graves. Existe a “tradição” nefasta do torcedor que não possui ingresso em forçar a entrada no estádio; a infiltração de desordeiros em torcidas organizadas e o espírito de agressividade muito maior do que em outras atividades culturais. Tudo isso faz com que o controle de público em jogos de futebol seja muito mais complexo.
Se considerarmos a praça em que o espetáculo é realizado, cabe ressaltar que o Maracanã é um estádio grande, urbano, dentro de um bairro populoso, o que faz com o que o acesso a ele seja fácil e, paradoxalmente, facilite a invasão de torcedor, o que aconteceu até mesmo na Copa do Mundo.
Portanto, consideramos equivocada a justificativa dada pelo comandante do Grupamento Especial de Policiamento em Estádios de que apenas um fator – o uso de cartões-ingressos descarregados por sócio-torcedores mal-intencionados – seja a razão predominante para os acontecimentos de ontem. É importante citar que cartões-ingresso são amplamente utilizados em eventos esportivos no mundo todo, inclusive no Brasil, e são uma forma de oferecer conforto e comodidade aos torcedores que fazem uma contribuição fundamental ao Flamengo, além de representarem um fator inibidor do cambismo e de confusões na venda de ingressos, como as grandes filas e quebra-quebras em bilheterias.
Um jogo decisivo do Flamengo, com lotação máxima apresenta muito maior risco e complexidade no que diz respeito ao acesso de torcedores do que uma partida de Copa do Mundo, em função das diferenças de perfil dos públicos envolvidos. Em compensação, a mobilização e o planejamento dos órgãos públicos para uma partida como a de ontem é incomparavelmente menor do que o realizado nos jogos do Mundial de 2014.
Outro ponto que torna o planejamento para partidas de grande apelo é o fenômeno das torcidas organizadas, movimento criado há cerca de 50 anos, que surgiu com o propósito de incentivo ao time, mas que hoje é associado a episódios de invasão, vandalismo e violência.
Some-se a isso o hábito dos torcedores em geral em postergarem sua entrada no estádio, a compra de ingressos, muitas vezes falsos, em cambistas e a já citada utilização indevida dos cartões de sócio-torcedor.
A título de informação, em reuniões operacionais antes da partida, o Flamengo notificou o Comando Maior da Polícia, assim como o GEPE, o 6º Batalhão (Tijuca) e a Guarda Municipal, solicitando o maior efetivo possível, dado o grande apelo da partida. Por sua vez, contratou quase mil seguranças privados para atuar a partir do momento da revista e acesso a catracas e em vários setores dentro do estádio. Mesmo assim, tal mobilização pública e privada não foi suficiente para impedir os problemas, que aconteceram não só no Maracanã, como também em diversas ruas dos bairros próximos ao estádio, estações de trem e estações de metrô.
Dada tal escalada de violência, o Flamengo se propõe a, junto com os órgãos públicos, encontrar soluções para que seus jogos decisivos no Maracanã tenham o efetivo de segurança adequado, planejamento e bloqueios de ruas compatíveis com sua complexidade, uma vez que a Polícia Militar do Rio de Janeiro tem encontrado muitas dificuldades do ponto de vista de estrutura e contingente para realizar seu trabalho nas praças esportivas e outros pontos do Estado’.
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