É possível atribuir o favoritismo do Flamengo no clássico de hoje a uma série de fatores — da qualidade do elenco ao trabalho longevo de Jorge Jesus. Mas há um elefante na sala, deixando a vida do Fluminense ainda mais complicada: uma diferença de cerca de um mês de preparação, entre a retomada dos treinos e a final desta noite, no Maracanã.
O rubro-negro, que capitaneou as discussões para o retorno do futebol, abriu o Ninho do Urubu em 18 de maio para uma bateria de exames de Covid-19. Na mesma semana, os jogadores já estavam no campo para os treinamentos. O tricolor, contrário à volta antes da diminuição das curvas de casos e mortes, esperou até 19 de junho para treinar.
Quem assistiu aos duelos das semifinais, no domingo, teve uma ideia dos efeitos dessa discrepância. Enquanto o Flamengo manteve a intensidade contra o Volta Redonda até o fim, o Fluminense protagonizou um clássico longe do ritmo ideal contra o Botafogo, que também retomou os treinos mais tarde. Quando a bola rolar para o Fla-Flu desta noite, esse abismo físico deverá ficar mais evidente.
— Na parte fisiológica, o Flamengo está bem à frente. Os movimentos do time estão bem coordenados. Todos os jogadores sabem a forma de atacar e de marcar, quando pressionar ou voltar… — explica o preparador físico Ronaldo Torres: — Quando os movimentos estão bem coordenados assim, o gasto energético é menor e a produção, maior.
O desafio do Fluminense se tornará mais ingrato a partir dos 15 minutos do segundo tempo. A essa altura, a quantidade de glicogênio muscular — principal fonte de energia para o corpo — começará a diminuir. Tamanho desgaste poderá afetar ainda a capacidade de concentração dos jogadores. Trata-se de variáveis indesejadas que Odair Helmann precisará administrar.
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