Sem categoria

Fundo Nobre e bancos nobres: Fla e Palmeiras fazem disputa de modelos

A disputa dentro de
campo entre Palmeiras e Flamengo não define o campeonato, como cansaram de
repetir jogadores, técnicos e dirigentes. E pode-se dizer também que não
começou nestes últimos dias em que, por ora, polarizam os holofotes do Campeonato Brasileiro.
Em modelos de gestões diferentes, as duas diretorias tentam combinar
investimentos e controle de dívidas. No ano
passado, fecharam o top 3 de maiores receitas do futebol nacional – o Flamengo ficou atrás do Cruzeiro com R$ 355 milhões dos rubro-negros, na frente dos paulistas (R$ 351 milhões), mas com comportamento distintos na reestruturação de seus clubes.

Destaque em análises
de finanças e gestão de especialistas do setor econômico no futebol brasileiro,
o Flamengo teve aumento de receitas menor que o do Palmeiras no último triênio – saindo de R$ 272
milhões, em 2013, com aumento de 30% na arrecadação. A projeção é fechar esta temporada com R$ 420 milhões de arrecadação. Os gastos mais tímidos no futebol duelaram com o pagamento de dívidas em toda a gestão de Eduardo Bandeira de Mello – e o jogo só está começando a virar a partir de agora. As dívidas eram prioridade. O clube diminuiu passivo de R$ 754 milhões para R$ 579 milhões – apoiando-se em aumento de receitas e também, e principalmente, através de empréstimos bancários. A queda das dívidas foi de 23% em três anos.

Se o crescimento de receita do Flamengo na primeira gestão de Bandeira de Mello é inferior ao dos
palmeirenses, que quase dobraram a arrecadação neste período – saindo de R$ 176 milhões
em 2013 para R$ 351 milhões
-, a
dívida dos paulistas cresceu 31% no útlimo triênio
. O time
paulista tem umas particularidade neste caso. Sai dos cofres do presidente Paulo Nobre, em
segundo mandato igual a Eduardo Bandeira de Mello, boa parte dos empréstimos que fizeram o clube andar neste período.

O início no Palmeiras também foi difícil para Paulo Nobre, com disputa da Série B e grandes riscos de voltar para a Segundona no ano seguinte. Toda essa pressão em cima de um presidente novo que, conforme estimativas, colocou cerca de R$ 200 milhões de empréstimos no Palmeiras

– É absolutamente normal e compreensível que haja uma impaciência muito grande quando um trabalho de reestruturação está em curso, pois o resultado não aparece de forma instantânea. No Palmeiras não foi diferente. Mas hoje, passado esse período e com a possibilidade de visualização das primeiras consequências, fica fácil perceber que o sacrifício que fizemos há dois, três anos era o caminho mais correto – disse Nobre ao GloboEsporte.com.

Novo futebol x Modelo corporativo

Num primeiro momento, como ressalta o superintendente de crédito do banco Itaú BBA, César Grafietti, autor de um dos anuais do cenário econômico no futebol brasileiro, o dinheiro de Nobre
foi fundamental para sanear dívidas do Palmeiras. Depois, também para contratações de alguns jogadores – casos de Cristaldo,
Allione, Tobio, Leandro, Mendieta e Mouche, todas em 2014. Dos R$ 44 milhões
investidos nestes atletas, ele conseguiu o retorno de R$ 8 milhões com a venda
de Cristaldo para o Cruz Azul, do México – o lucro ficou com o Palmeiras.

 

Hoje, a principal dívida com Paulo Nobre, que era de R$ 104,8 milhões no
fim de 2014, caiu para R$ 93,3 milhões no fim de 2015, segundo balanço
financeiro do clube. A expectativa era quitar os débitos em dez anos, mas com o
aumento das receitas isso pode ocorrer antes do previsto – isto porque o Palmeiras remete 10% das receitas do clube para pagar os aportes a Nobre. Os juros (menores no
mercado por ter Nobre à frente da negociação) são pagos ao banco que
intermediou a operação, e o restante, corrigido pela inflação, é repassado ao
presidente.

 

– Embora o Palmeiras tenha modelo
mais tradicional no meio do futebol, ou seja, na figura do dirigente que aporta
dinheiro, ele conseguiu colocar dinheiro, montar equipe de pessoas competentes
e um fluxo de pagamento dos empréstimos sem danificar o caixa do clube. Mas há
um risco desse modelo, é evidente. Uma ruptura assim que sair o presidente, se
não mantiverem a estrutura dessa gestão, pode levar a problemas financeiros, como a saída de patrocinadores –
comenta Grafietti.

 

A diretoria rubro-negra segue
modelo de administração distinto, com estruturação financeira, rígidas controladorias internas e renegociações que gerou investimentos
menores no futebol nos primeiros anos para começar a investir bem mais pesado a
partir de 2016. Somente este ano, em contratações, o Flamengo já comprometeu R$ 35 milhões em direitos econômicos – pagamentos que vai fazer ao longo dos próximos dois, três anos, sem falar nos gastos com luvas de jogadores mais caros, como é o caso mais notório de Guerrero. 

 

Para Grafietti, o Flamengo tem forma de gerir
recursos mais sólida porque não depende da figura do presidente do Palmeiras – o clube paulista passa por eleições em dezembro deste ano. A credibilidade que Nobre empresta ao Palmeiras tem tentáculos até em arrecadação comparável ao Flamengo em com publicidade. O Palmeiras fechou 2015 com R$ 70 milhões contra R$ 80 milhões dos rubro-negros ano passado

– É um volume de receitas de publicidade que parece além do Palmeiras. A torcida do Flamengo não é o dobro, mas algo como 50% a 60% maior. Por isso o Palmeiras ter publicidade deste nível, parecida com a do Corinthians, não parece fazer muito sentido, deveria estar mais próximo do São Paulo, do Vasco. Porque o patrocinador está atrelado à gestão do Nobre – avalia.

De fato chama a atenção a diferença de
patrocinadores dos dois times. Palmeiras tem na Crefisa não só a garantia de
investimento de R$ 66 milhões num ano, mas também aporte para contratações,
como no caso da chegada de Lucas Barrios e outros atletas.

Dos três
patrocinadores de camisa que tinha no ano passado, o Flamengo ficou apenas com
a Caixa e a Tim, que pagam R$ 25 milhões e R$ 10 milhões, respectivamente, para ficar na camisa rubro-negra. Este ano, sem conseguir atrair novos patrocinadores nem chegar perto da previsão do orçamento 2016 de R$ 47 milhões, o Flamengo compensou esse déficit com permutas, patrocínios incentivados e pontuais. Foram quatro acordos – Ifood, Clipper, Linktel e Euro Colchões. Segundo o departamento rubro-negro, estes contratos somaram mais R$ 7 milhões à camisa do Flamengo. 

 

Executivos badalados e 132 contratações

 

Sem Nobre à vista e também com outra filosofia para ordenar a casa, a gestão de Bandeira
aprovou nos últimos anos captação de empréstimos altos com diversos bancos e
até do Maracanã – R$ 161 milhões ao todo, de acordo com o balanço. A diretoria
pega empréstimo mais barato para quitar dívidas e outros empréstimos
mais caros, costumam explicar os dirigentes da Gávea (veja o destaque logo acima).

Dos R$ 161 milhões, quitou R$ 136 milhões até hoje – um dos últimos deles encerrando dívida com a Odebrecht de quase R$ 30 milhões.

– O impacto dessa gestão é
positivo em várias frentes. Eles conseguiram entender que tem que reduzir
custos, conter despesas e, depois, com credibilidade para atrair patrocinadores,
torcedores, criar movimento positivo para crescer receitas e investimentos no
futebol. Começa a sobrar muito dinheiro e investe mais, como fez este ano em boas
contratações, que resultou nesta boa campanha – comenta o executivo do banco
Itaú BBB.

 

Na direção do
futebol, Palmeiras, com Alexandre Mattos, e Flamengo, de Rodrigo Caetano, têm dois dos mais badalados executivos do mercado brasileiro. Mattos substituiu o antigo todo poderoso José Carlos Brunoro e veio comandar
o futebol do time paulista depois de um bicampeonato brasileiro com o Cruzeiro. E não
gastou pouco. Mais de 70 contratações em rodízio grande de atletas para elenco
cheio de opções.

 

Do lado rubro-negro, com título
da Copa do Brasil, pelo Vasco, e Brasileiro, pelo Fluminense, Caetano volta a
disputar título depois de amargar resultado ruim com o Tricolor no seu último
ano nas Laranjeiras e um vice-campeonato carioca e um terceiro lugar na Série B
em São Januário. Após balançar e quase cair no início da temporada, o diretor
executivo rubro-negro saiu fortalecido da crise. 

Informações do jogo:

Palmeiras x Flamengo
Local: Arena do Palmeiras, em São Paulo
Horário: 21h45 (de Brasília)
Arbitragem: André Luiz de Freitas Castro, auxiliado por Fabrício Vilarinho da Silva e Cristhian Passos Sorence, todos de GO
Provável escalação do Palmeiras: Jailson; Jean, Mina, Vitor Hugo e Zé Roberto; Gabriel, Tchê Tchê e Moisés (Cleiton Xavier); Dudu, Róger Guedes e Lucas Barrios (Gabriel Jesus).
Provável escalação do Flamengo: Alex Muralha; Pará, Réver, Rafael Vaz e Jorge; Márcio Araújo, Willian Arão e Diego; Everton, Gabriel e Leandro Damião.
Transmissão: TV Globo para todo o Brasil, menos SP (com Luís Roberto, Júnior e Arnaldo Cezar Coelho) e Premiere (com Milton Leite e Belletti)
Tempo Real: GloboEsporte.com, a partir de 19h30

Fonte: http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2016/09/fundo-nobre-e-bancos-nobres-fla-e-palmeiras-fazem-disputa-de-modelos.html

Share this content:

Redação Flamengo RJ

Share
Published by
Redação Flamengo RJ

Recent Posts

Flamengo decidirá o futuro de David Luiz a três dias do término do contrato

A temporada de 2024 chegou ao fim, no entanto, o Flamengo ainda possui questões a…

42 minutos ago

FERJ aprova solicitação da Federação Paraibana, e Flamengo deve disputar o Carioca em Campina Grande

Na última quinta-feira (19), a Federação Paraibana de Futebol (FPF-PB) formalizou a solicitação para ser…

1 hora ago

Goleiro ex-Flamengo comete erro grave e marca gol contra na Alemanha; assista ao vídeo

Kauã Santos iniciou sua trajetória no Eintracht Frankfurt (ALE) de forma promissora, tendo sido comparado…

10 horas ago

Palmeiras mostra interesse em volante que foi revelado pelo Flamengo

O Palmeiras possui em seu elenco Lázaro, Richard Ríos e Marcelo Lomba, além de já…

11 horas ago

Flamengo disputa a contratação de zagueiro argentino com Corinthians e Palmeiras

Diante da situação indefinida de David Luiz, além das possíveis propostas por Léo Ortiz e…

12 horas ago

Guilherme se inspira em Arrascaeta, compartilha relação com ídolo e comenta sobre a camisa 10 do Flamengo

O meio-campista de 18 anos, Guilherme, foi fundamental para a vitória do Flamengo, que virou…

12 horas ago

This website uses cookies.