Paulo Sousa avisou que o Flamengo em suas mãos seria protagonista, e no primeiro teste sob seu comando – vitória sobre o Boavista por 3 a 0 – a equipe deu sinais de que pode ter a estrutura modificada. Ou, ao menos, ganhar opções táticas mais variadas que podem ser aproveitadas em um calendário apertado previsto para 2022. Com a contratação de Marinho e a indicação de que Pedro vai ganhar oportunidades, a briga pela titularidade promete se acirrar no ataque.
Três zagueiros
Mesmo com uma formação inicial reserva do elenco principal, Paulo Sousa lançou três zagueiros no esquema 3-4-2-1. Colocou os jovens Noga e Cleiton ao lado de Gustavo Henrique, que depois deu lugar a David Luiz. Com isso, Noga passou de zagueiro central para o homem do lado direito. E teve papel importante na saída de bola e nos passes mais longos. A nova estrutura, ao menos diante de uma equipe modesta, passou zero apuros.
Marinho, a novidade
Foram poucos dias de treinamento e Marinho estreou como titular no primeiro jogo com Paulo Sousa. Com gol e alternativas táticas diferentes para um elenco já qualificado. Foi ponta, criou por dentro, fechou o corredor e armou o time desde a defesa. Ainda por cima, demonstrou carisma e a raça que todo flamenguista gosta de ver. É cedo, mas o primeiro reforço da temporada promete ser útil e brigar por um lugar no ataque.
Ribeiro reinventado
Jogador que pode perder a vaga exatamente para Marinho, Everton Ribeiro voltou da seleção brasileira e fez a torcida lembrar que ele não é qualquer um. Quando entrou no segundo tempo, começou a jogar no lugar de Renê, como um lateral mais avançado à frente dos três zagueiros. Mesmo no lado oposto ao que está acostumado, rendeu bem, e protagonizou boas tramas ao lado de Vitinho e Pedro. Depois, acabou na posição de origem.
Vitinho, fator desequilibrante
A inteligência de Vitinho e sua qualidade com os dois pés não é novidade. Com o novo treinador, o atacante foi o capitão do time na estreia e ditou o ritmo do ataque do Flamengo. Pela ponta esquerda, alternou momentos de profundidade e jogadas por dentro que nem o titularíssimo Bruno Henrique consegue desenvolver. Se não tem tanta força, Vitinho compreendeu as ideias do novo técnico e ofereceu opções a todo momento para a construção da vitória. Na ausência de Arrascaeta, se consolida como o jogador com mais capacidade de produzir situações de gol, sempre com liberdade de movimentação por todo o campo.
Gabigol destoa
Dentre todas as variações que Paulo Sousa propôs, quem menos conseguiu encontrar soluções foi Gabigol. Ainda que tenha marcado o terceiro do Flamengo, demonstrou dificuldade quando aberto pelo lado direito. Quando recebeu livre dentro da área, pecou em duas finalizações ao tentar ajeitar para o pé esquerdo. E na frente do goleiro, sem marcação, também deu sinais de que precisa aprimorar a arrancada. Quando Pedro saiu, Gabi voltou ao centro do ataque, teve mais liberdade de movimentação, e jogou mais solto, como gosta.
Pedro ganha pontos
O apreço de Paulo Sousa por Pedro não é novidade. O centroavante foi quem teve mais chances de gol e aproveitou a oportunidade como titular para somar pontos com o novo treinador, que já o desejava desde que ele jogava no Fluminense. Com a formação diante do Boavista, Pedro aparentou dificuldade no tempo de bola durante as trocas de passe. Quando Gabigol entrou, a dupla também não conseguiu se procurar muito. Mas com os dois em campo, Pedro sobressaiu.