Imagine a seguinte situação: seu time de coração vai decidir o título do Brasileiro que não vence há 17 anos e você, de pé engessado, vai ter de ver o jogo na torcida do adversário. Parece o pior dos mundos. Mas não foi para o servidor público Fábio Azevedo, de 41 anos, que comemorou o hexacampeonato rubro-negro no meio dos gremistas, sem nenhuma confusão.
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Três dias antes do jogo contra o Grêmio, pela última rodada do Brasileirão de 2009, Fábio torceu o pé numa pelada com os amigos. Na emergência, o diagnóstico: entorse no tornozelo. Mas esse não era o problema mais grave. Ele ainda não tinha ingresso para a final. Todas as entradas para a torcida rubro-negra já haviam sido vendidas. A solução veio justamente do adversário.
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— Na sexta-feira à noite, fui para Porto Alegre dar aula num curso preparatório para concursos públicos. Já tinha combinado com um aluno meu, que era sócio do Grêmio, para comprar para mim ingressos da cadeira azul. Fui com ele ao Olímpico e comprei cinco.
De volta ao Rio, no domingo de manhã, seguiu para o Maracanã com irmão, primos e amigos. Até tentaram ficar perto da torcida rubro-negra, mas não havia lugar. Seguiram para as azuis destinadas aos gremistas. Tiraram a camisa rubro-negra a pedido da PM. Mas nem precisava. Estavam em casa.
— Vimos torcedor do Grêmio enforcando o bonequinho do Inter, e disseram que podíamos colocar camisa, pegar bandeira, trocar bandeira: “Vamos torcer tudo para o mesmo time hoje”.
Até o PM torceu pelo Flamengo
Durante a partida de 2009, a tensão rubro-negra encontrou os gremistas que não admitiam o título do Internacional. No momento do gol do Grêmio, que abriu o placar, o silêncio foi de todos.
— Naquela hora, o Inter era campeão pois estava vencendo o Santo André. Um garotinho, que estava com o pai, começou a falar: “Como vou para escola, vou ser muito zoado” — lembra.
No empate, todos comemoram, trocaram bandeiras e até o policial militar ficou aliviado: “Se Flamengo perder como vamos segurar essa massa”.
No gol de Angelim, sobraram abraços com o PM, com o garotinho e os gremistas. Todos ali só tinham um desejo: ver o Flamengo campeão.
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