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Humildemente de Fuzil

Ninguém precisava ter pós-graduação em Campeonatos Brasileiros Vencidos Pelo Flamengo com especialização em Perrengues Cotidianos para perceber que o jogo contra o lanterna do campeonato ia ser um dos mais decisivos da campanha de um suposto Heptacampeonato (segundo o rastreador de encomendas dos Correios, o pacote já saiu da Agência Central e tem previsão de entrega ao destinatário ainda esse ano).

Os sinais eram muito claros, todo mundo que já tá perdendo cabelo percebeu na hora. E até alguns novinhos ajuizados. Era jogo pro Flamengo perder e entrar de corpo e alma naquela crise de raiz que só a gente sabe organizar com charme e suingue. Com a torcida empolgadona, contratações de impacto global e piscina olímpica pica das galáxias, o cenário era perfeito para mais um filme-catástrofe, subgênero no qual o Flamengo não tem rival nem em Hollywood.

Felizmente para a nova geração de rubro-negros, excessivamente expostos à prosa rabugenta de homens brancos de meia-idade que não gostam de passas no arroz, a experiência, a cautela e a prudência, tão exaltadas pela intelligentsia futeboleira mostraram mais uma vez que não passam de velhas mocréias cortejada pela incapacidade. Não rolou nenhuma tragédia… tudo bem, talvez Chiquinho. Mas que mané perder pra América, tá maluco?

Bom, confesso que eu tava. Pelo menos um pouquinho. Porque sou de meia-idade, tô perdendo cabelo e me acostumei a ganhar campeonatos brasileiros com sofrência, apagando incêndios, trocando pneus com o carro em movimento e jogando no lixo o livro de regras do bem administrar. Não estou dizendo que tem que ser assim, mas foi assim que eu, e uma enorme geração de abençoados, nos acostumamos a ver o Flamengo vencer. É um masoquismo do cacete, que comprova aquela conversa de que o ser humano é capaz de se adaptar a tudo. Mas é um jeito de ser Flamengo tão racional quanto qualquer outro e o importante é que vencemos mais uma.

É verdade que o jogo foi horrível. Jogamos muito mal. Precisamos todos tomar muito cuidado. Se o Flamengo continuar a jogar mal desse jeito, com vitórias magras, suadas e inconvincentes, vai acabar sendo campeão com algumas rodadas de antecedência. O que seria um desastre completo para o produto Campeonato Brasileiro. Tanto em seus aspectos econômicos quanto para a audiência na televisão, que no fim das contas são quase a mesma coisa. Mas eu tenho fé na Mão Invisível do Caboclo Adam Smith, que não é de perder demanda. Quando o Maraca voltar esse campeonato vai bombar.

A torcida tem muito a fazer, ir ao estádio ou assistir pela TV não basta. Nós somos a ponta de lança da guerra psicológica. O que precisa ser controlado com mão de ferro é a Arcoirislândia, que como todos sabem, é borracha-fraca e já tá ficando doidinha pra entregar as paçoca tudo pra nós. Disciplina no bagulho, não é hora de brotar no G4 nem de graça! Não acredite em ninguém com mais de 30 pontos.

Se liguem nesse alô, amigos, pra não deixar as zinimiga avacalhar um campeonato que, conforme profetizado, será decidido na ultima volta do ponteiro do ultimo minuto do ultimo jogo do Flamengo. Acalmem os terra-fofa, eles tem que segurar a marimba lá no G4 e não se afobar. E, pelo menos por enquanto, tem que parar de ajudar o Flamengo. Deixa que a gente se ajuda sozinho.

Certos princípios e crenças, principalmente aqueles valores incutidos na carne macia e porosa da mente da criançada, não nos abandonam jamais. Por mais que mergulhemos fundo na modernidade cosmopolita do futebol business todo arrumadinho, planejadinho, que dá lucro e bônus parrudo pra quem alcança suas metas, a certeza de que o Flamengo só vai ganhar se for se fudendo todo no maior perrengue possível permanece conosco como se tivesse sido costurada no forro daquele casaco que a mãe da gente insiste que levemos quando saímos à noite. Eu só consigo entender o Flamengo assim.

Deve até ser uma experiência interessante ganhar um campeonato de pontos corridos liderando a porra toda de ponta a ponta. Mas no Flamengo? Não creio que algo sequer parecido ocorra tão cedo. Simplesmente não está nos nossos genes. E, cá pra nós, qual a graça disso? Campeonato do Flamengo tem que ser um pouco zoneado e muito sofrido. Lá na Gávea é assim. Nem andando e nem voando, só sambando.

Fonte: http://republicapazeamor.com.br/site/humildemente-de-fuzil/

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