Flamengo e Fluminense se enfrentam neste domingo, às 18h (de Brasília), no Maracanã, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro. Neste duelo, chamam atenção dois meio-campistas que são jogadores de confiança de seus treinadores e importantes para suas equipes na transição da defesa ao ataque: o rubro-negro Gerson e o tricolor Danielzinho.
O que muitos não sabem é que, apesar da diferença na idade, (Daniel tem 23 anos e é nascido em 1996, enquanto Gerson tem 22 e é de 1997) os dois jogadores atuaram juntos no time sub-17 do Fluminense, em 2013, numa equipe que conquistou cinco títulos: Al Kass Cup-WAT (Mundial), Campeonato Carioca, Copa Rio, Torneio Guilherme Embry e Copa Nacional do Espírito Santo.
Gerson atuando pelo time Sub-17 do Flu, em 2013 — Foto: Bruno Haddad / Fluminense F.C
Rubro-negro desde a infância, Gerson chegou ao Fluminense aos 7 anos, após sair do futsal do Flamengo por falta dinheiro para ir de Nova Iguaçu até a Gávea diariamente. Sempre visto como uma grande promessa no clube tricolor, foi alçado ao time sub-17 já em 2013, aos 16, por conta do desfalque de jogadores como Kennedy e Robert, que já tinham sido integrados ao elenco profissional.
Na categoria, encontrou Daniel, meia que também chegou ao clube aos 7 anos, em 2003, e teve breve passagem pelo Flamengo, em 2005, quando seu treinador tirou um amigo do time, e em solidariedade, ele e a família resolveram sair também. Não durou muito na Gávea e voltou para o Tricolor, seu clube de coração.
Danielzinho em ação pelo time Sub-17 do Fluminense, em 2013 — Foto: BRUNO HADDAD/FLUMINENSE F.C.
Sub-17 do Fluminense em 2013
Há seis anos, os dois formaram o forte time da "geração 96/97" do clube, que foi campeão de quase tudo que disputou na temporada sob o comando do técnico Marcos Valadares, hoje treinador do sub-20 do Vasco. Aquela equipe tricolor contava com muitos jogadores promissores, entre eles o volante Douglas, que passou por Corinthians e Bahia e hoje está no PAOK, da Grécia.
Gerson e Danielzinho no Sub-17 do Fluminense — Foto: Edgard Maciel Sá
Na época, Gerson era a grande joia da equipe e já existia uma expectativa sobre o futuro do jogador. Daniel era chamado pelo técnico da equipe de "Deco mais novo". Atualmente coordenador técnico da base do Fluminense, Marcelo Veiga, que em 2013 era treinador do time sub-20 do clube, lembra bem dos jogadores quando davam seus primeiros passos no futebol.
– Os dois fizeram um meio de campo de muita qualidade e muito sucesso no nosso sub-17. O Daniel sempre foi um jogador de posse de bola, passes verticais, assistências para gol, só pecava nas finalizações. Na minha opinião ele mantém as características, só que com mais intensidade, mais força e mais maduro taticamente.
Gerson recebendo medalha de Campeão Carioca Sub-17 no Fluminense — Foto: BRUNO HADDAD/FLUMINENSE F.C.
– O Gerson tecnicamente sempre foi muito bem. Proteção de bola, boa finalização e visão de jogo eram pontos fortes. Na atualidade joga mais atrás, função diferente. É notória a evolução do Gerson, principalmente mentalmente.
Trajetórias diferentes
Daniel fez sua estreia pelo time profissional do Fluminense no início de 2016. Desde então, foi emprestado três vezes para o Oeste-SP e mais uma para o Botafogo-SP. Entre os empréstimos, ele foi utilizado em algumas oportunidades no time tricolor, mas não teve sequência até este ano.
Com a chegada de Fernando Diniz ao Flu em 2019, a rotina de empréstimos foi quebrada. Danielzinho, enfim, tinha um aliado de peso. Isso porque o jogador já tinha trabalhado com o treinador em uma das passagens pelo Oeste. O meia desde o início do ano foi titular da equipe e correspondeu com boas atuações e assistências.
– Ele foi o treinador que confiou em mim. Acreditou no meu potencial. Serei eternamente grato a ele. Evolui muito com seus ensinamentos. Tenho certeza que ele vai vencer na carreira – afirmou Danielzinho.
Danielzinho em ação pelo Oeste, onde trabalhou com Fernando Diniz pela primeira vez — Foto: Divulgação / Audax
Gerson estreou pelo time profissional do Fluminense no início de 2015 e logo conseguiu seu espaço na equipe. Se destacando pela qualidade técnica, atuou muitas vezes como um meia-atacante que entrava na área e fazia gols. No ano seguinte, foi vendido por cerca de R$ 60 milhões, se tornando a maior venda da história do Tricolor carioca. Não conseguindo vaga de extracomunitário para jogar na Roma, voltou ao Flu por empréstimo por mais um semestre.
Gerson comemorando um de seus dois gosl pela Roma — Foto: AP
Na Itália a partir do meio de 2016, Gerson atuou em duas temporadas pela Roma e mais uma pela Fiorentina. Não chegou a convencer e ser titular absoluto em nenhuma das duas experiências e foi comprado pelo Flamengo em julho desde ano, a pedido de Jorge Jesus, por um valor de R$ 49,7 milhões, se tornando o jogador brasileiro mais caro contratado por um clube do país. No Rubro-Negro, foi apelidado de Curinga por atuar bem em quase todas as posições do time.
Marcelo Veiga, coordenador das categorias de base do Fluminense, enxerga o Gerson hoje um jogador diferente do que via anos atrás.
– Ele cresceu e amadureceu. Saiu daqui muito jovem. Acredito que a temporada dele na Europa ajudou. Me parece um atleta mais responsável e certamente mais forte mentalmente do que era na nossa base.
Ao fundo, no centro da imagem, Gerson e Daniel comemoravam o título carioca Sub-20 na Gávea em 2013 — Foto: BRUNO HADDAD/FLUMINENSE F.C.