O Flamengo viveu, em apenas um ano, duas temporadas completamente distintas. A primeira, sob o comando de Abel Braga, sequer chegou a convencer o próprio – que pediu demissão em maio -. A segunda parte, no entanto, foi surpreendente, irretocável e emocionante. Jorge Jesus resumiu trinta e oito anos de espera em um trabalho de, aproximadamente, cinco meses. Se tornou com propriedade o campeão nacional e continental 2019.
O jornalista André Rocha falou sobre o impacto que este time meteórico do Flamengo deixou para o destino do futebol brasileiro. Além do sucesso de Jorge Jesus, o especialista ainda citou o belo trabalho desenvolvido por Jorge Sampaoli no Santos.
– Este time histórico ainda deve ser considerado um “meteoro”, só que com feitos maiores do que o Santos de 2010 ou o Palmeiras de 1996. Muitos dirão que a jornada fantástica dos rubro-negros se deve única e exclusivamente à qualidade dos oito contratados. Impossível negar a relevância, mas basta olhar para o campo com atenção para ver que há conceitos, um modelo de jogo bem claro. Deixando clubismos de lado: é possível fazer mais e melhor. O Santos de Sampaoli é uma prova, pois com elenco menos farto e caro, o treinador argentino fez com que os jogadores evoluíssem. Pressão, posse, profundidade, amplitude, mobilidade, variações táticas. Tudo que costumamos ver pela TV dos grandes times do planeta. Aqui, nos nossos campos -, analisou.
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Jorge Jesus, talvez em uma intensidade maior do que Sampaoli, precisou lidar com a resistência – principalmente dos profissionais apontados como ultrapassados hoje em dia. A revolução promovida pelos estrangeiros não é, necessariamente, um atestado de incompetência aos demais, mas um alerta do que precisa ser alterado e inovado.
– Bem mais do que os que resistem e optam por mais do mesmo. Preocupados em contratar escudos e não profissionais de futebol. Nossa cultura é achar que no campo tudo se resolve no talento respaldado pela raça, por gestão de vestiários e ambiente político. Não é mais suficiente. Ou tomara que não seja mais -, escreveu em seu blog ao portal UOL.
O jornalista conclui a ideia trazendo a declaração de Jürgen Klopp após o Mundial de Clubes. Apesar de derrotado, o Flamengo chamou a atenção e foi alvo de elogios dos ingleses. O primeiro tempo, por exemplo, contou com mais posse de bola brasileira e mais chances de gol.
– Fica a lição de Klopp, treinador do Liverpool. Na coletiva pós-jogo ele enfim falou sobre o futebol brasileiro com mais propriedade. Elogios ao Flamengo de Jorge Jesus, o valoroso adversário na final do torneio da FIFA, e ao Santos de Sampaoli, que tirou invencibilidade do campeão brasileiro e sul-americano. Ambos jogando futebol conectado ao que se faz de melhor, mesmo com as limitações por conta dos problemas seculares do esporte no Brasil. Nem sinal dos times comandados pelos de sempre -, disse.
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