Após uma temporada de Brasileirão atípica, estendida até fevereiro deste ano por conta da pandemia do novo coronavírus, os clubes cariocas se viram num desafio logístico para escalar suas equipes no Campeonato Carioca, no início de março. A possível rotina extenuante para o elencos principais foi contornada, na maioria dos casos, com um velho pedido das torcidas: o uso das categorias de base na disputa do estadual.
Dos quatro grandes, Flamengo, Fluminense e Vasco entraram em campo com equipes quase inteiramente formada por jovens jogadores nas primeiras rodadas. Em processo de montagem de elenco, o Botafogo, que já vinha testando jovens após a concretização do rebaixamento no Brasileiro, optou por escalações mistas entre remanescentes, reforços e garotos.
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O principal resultado prático desse ‘vestibular’ se deu na última sexta-feira, quando o Manchester City confirmou a contratação do atacante Kayky, do Fluminense. Um dos destaques da temporada da temporada do tricolor, o jovem de apenas 17 anos tornou-se o terceiro mais novo a marcar pelo clube desde 2011 ao anotar sobre o Macaé, no dia 6.
Consumada, a venda, que renderá, no mínimo, R$ 66 milhões aos cofres tricolores, permitirá à equipe de Roger Machado aproveitar os dribles e a velocidade do garoto apenas até o fim da temporada. Ele e John Kennedy (18 anos) dividem o posto de principais destaques jovens do Flu na temporada, ambos com dois gols marcados no Estadual.
Pedido de Ceni
No Flamengo, equipe na qual a aposta nos jovens trouxe alguns dos melhores resultados em campo, o destaque fica por conta de dois nomes já conhecidos pelos torcedores rubro-negros: João Gomes e Rodrigo Muniz.
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O volante de 20 anos, já integrado ao elenco profissional na temporada passada, abriu mão das férias e pediu para disputar o Carioca, visando à sequência de jogos. Já o atacante de 19 anos, que teve retorno de empréstimo ao Coritiba pedido por Ceni em novembro, deslanchou no estadual e marcou cinco gols em seus dez primeiros jogos.
— A gente sempre sonha e coloquei na minha cabeça que ia trabalhar para conquistar minha vaga. Graças a Deus estou tendo oportunidade e está dando certo. Estou com os melhores do Brasil, trabalho com os melhores. Estou evoluindo a cada dia e vou continuar trabalhando — disse Muniz, em março, após marcar sobre o Botafogo.
De volta do sub-20
No Vasco, um velho conhecido reconquistou a torcida. O meia-atacante Gabriel Pec, de 20 anos, voltou completamente transformado após um breve período atuando pelo sub-20 do clube. Mais forte fisicamente e com mais experiência, o jovem cruz-maltino deixou para trás um passado de irregularidade entre os profissionais e transformou-se em uma das principais peças da equipe de Marcelo Cabo.
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Até o momento, são seis gols em 12 jogos para Pec, cinco deles no Carioca. Agora titular absoluto,é líder nas principais estatísticas ofensivas e defensivas no Vasco. Ao lado do goleiro Lucão e do volante Galarza, virou xodó.
— Ele (Cabo) já chegou me dando confiança para jogar. Pediu para eu sempre flutuar nas costas dos adversários, pegar a bola e virar de frente com espaço e não ficar isolado na ponta, aberto — disse, em março.
Embora o Botafogo não tenha apostado de forma tão proeminente na garotada quanto os rivais, encontrou boas soluções para a equipe em jovens valores.
O lateral-esquerdo Paulo Victor e o volante Kayque, ambos de 20 anos e frutos de negociações com o Nova Iguaçu ainda nas categorias de base, despontaram como boas opções para setores que ainda apresentam fragilidade no elenco. Hoje disputando vaga com Rafael Carioca, PV entrou em sete jogos no Carioca e um na Copa do Brasil, enquanto Kayque fez cinco jogos pelo Estadual.