"Tamo junto, tô fechado com vocês e agora eu sou Mengão!" O discurso inflamado de Ronaldinho Gaúcho em sua apresentação no Flamengo em 2011 após 10 anos de Europa chamou atenção. Não só pela mudança no estilo do craque, sempre adepto a frases curtas e prontas, mas também porque negava uma vez mais o clube em que foi forjado. Após uma saída conturbada do Grêmio em 2001, negociou com o Tricolor para voltar, mas na última hora preferiu o Flamengo.
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O filho mais famoso da Dona Miguelina teve a honra de defender a camisa dos dois semifinalista da Libertadores – o confronto de ida ocorre nesta quarta, às 21h30, na Arena. Mas não foi único a trocar o antigo Olímpico pela Gávea ou fazer o caminho inverso. A lista é grande e tem nomes como Renato Gaúcho, Paulo Nunes, Zinho, Tita, entre muitos outros. Relembre alguns nomes abaixo:
Léo Moura
Leo Moura se despede do Flamengo
Hoje alternativa na lateral direita do Grêmio, Léo Moura virou um ícone do Flamengo. Permaneceu na Gávea por 10 anos e conquistou um Brasileirão (2009), duas Copas do Brasil (2006 e 2013) e cinco Cariocas (2007, 2008, 2009, 2011, 2014). Capitão do time, disputou 519 partidas, com 47 gols, até rumar ao futebol dos Estados Unidos, em 2015. Ao deixar o Flamengo, curiosamente, disse que Paulo Victor, hoje goleiro Tricolor, o sucederia como ídolo.
Em 2017, Léo Moura deixou o Santa Cruz e acertou com o Grêmio. Logo no primeiro ano conquistou sua desejada Libertadores (a terceira dos gaúchos). Ainda participou dos títulos da Recopa (2018) e dois Gauchões (2018 e 2019). Mesmo sem ser um titular fixo, é um dos nomes de confiança de Renato Gaúcho e considerado bom de vestiário.
Gilberto
Gilberto em ação pela Seleção Brasileira — Foto: Agência Estado
Irmão de Nélio, jogador que fez história no Flamengo entre o final dos anos 1980 e anos 1990, Gilberto começou a chamar atenção na Gávea pela habilidade e força com que aparecia ao ataque em 1996. Primeiro disputava com Athirson a titularidade da lateral esquerda, mas depois que o parceiro foi para o Santos, virou o dono da função. Seguiu até 1998 quando defendeu Inter de Milão, Vasco até chegar ao Grêmio em 2002. Em Porto Alegre não chegou a ser campeão, mas marcou época. Atuou tanto na lateral quanto de armador com a mesma qualidade.
Felipe Melo
O Pitbull, hoje estrela do Palmeiras, deu seus primeiros passos como profissional no Flamengo (foi revelado pelo Volta Redonda). Rubro-Negro de coração, desde criança aparecia brincando com a camisa do clube carioca. Foi campeão carioca em 2001 e, quando estava fora do país, cansou de ir ao Maracanã, posar com a camisa e até provocar o Vasco. Houve conversas, inclusive, para um retorno a Gávea.
Em 2001, Felipe Melo é considerado o último grande herói do Flamengo
Em 2004, Felipe Melo trocou o Cruzeiro pelo Grêmio. À época, ainda era meia. Chegou a atuar com a camisa 10 do Tricolor. Porém, o ambiente turbulento com o qual o clube gaúcho convivia na época e a relação conflituosa com Cuca (então técnico), não conseguiu impedir rebaixamento tricolor naquela temporada. No ano seguinte, foi para o Mallorca, da Espanha.
Zinho
Revelado pelo Flamengo em 1986, lá permaneceu até 1992 e empilhou conquistas, como o Brasileirão, o Módulo Verde da Copa União e a Copa do Brasil. O estilo de jogo cadenciado, de trocas de passes, o permitiu participar de um dos históricos times do Flamengo, com Zico, Leandro e Andrade. Ainda teve uma segunda passagem entre 2004 e 2005, sem o mesmo brilho.
Zinho foi campeão da Copa do Brasil com o Grêmio — Foto: Mauro Vieira/Agência RBS
Em 2000, já consagrado (campeão do mundo pela Seleção em 1994), foi contratado pelo Grêmio, impulsionado pelo dinheiro da parceria com a ISL. Sob o comando de Tite virou um dos expoentes do time, era o criador das jogadas, e conquista da Copa do Brasil em 2001.
Paulo Nunes
Promessa do Flamengo, Paulo Nunes fez parte de uma geração que revelou nomes como Júnior Baiano, Djalminha e Marcelinho Carioca. A fartura o impedia de ser titular fixo. Em 1995, acabou envolvido como contrapeso na contratação de Magno pelos gaúchos.
Em 1996, Paulo Nunes comanda a vitória do Grêmio sobre o Flamengo
Incógnita, o "Diabo Loiro" precisou superar a desconfiança de Luiz Felipe Scolari – o treinador não aprovou sua chegada no primeiro momento. Paulo Nunes não demorou para mostrar que Felipão estava errado. Com seus dribles e gols, logo ganhou o carinho da torcida e formou com Jardel uma das maiores duplas da história do clube. Foi protagonista nos títulos da Libertadores de 95 e do Brasileirão em 96.
Ronaldinho Gaúcho
Ronaldinho é o melhor jogador já formado pelo Grêmio. Seu irmão Assis, que já brilhava com a camisa tricolor, avisava que o irmão era o talento da família. O que parecia apenas brincadeira, mostrava-se verdade a cada vez que Ronaldinho subia um degrau na carreira e mostrava seu talento.
Ronaldinho Gaúcho é recebido pelo Flamengo com grande festa
Já profissional, não demorou a virar o craque do time. Em 1999, promoveu uma das maiores atuações já vistas no Olímpico, quando entortou Dunga de tudo que foi jeito para conquistar o Gauchão. Dois anos depois, consolidado como ídolo, trocou o Grêmio pelo PSG, sem que o clube gaúcho recebesse nenhum centavo, em um negócio que o o fez ser renegado pelos gremistas.
Dez anos depois, quando resolveu deixar o Milan, o astro foi cobiçado por Grêmio, Flamengo e Palmeiras. Confiantes no retorno do filho pródigo e na reconciliação, os tricolores chegaram a colocar caixas de som no gramado do Olímpico para a apresentação. Renato, então em sua primeira passagem como treinador, chegou a declarar que confiava no acerto. Mas Ronaldinho optou pelo Flamengo, pelo qual conquistou o Carioca em 2011.
Renato Gaúcho
"No rádio toca o velho rock 'n' roll. Lembro o Renato, o homem-gol". A música entoada nas cadeiras da Arena é apenas uma das inúmeras declarações de amor dos gremistas ao atual treinador do time. O apelido já remete ao principal momento da carreira: os dois gols marcados na final do Mundial de Clubes de 1983, contra o Hamburgo.
Em 1990, o jeito de ser e de viver de Renato Gaúcho
Renato ainda teve papel fundamental na conquista da Libertadores como jogador. Ele voltaria ao clube em 1991, mas sem conseguir repetir as façanhas. Como treinador, acabou com a seca de títulos importantes, abocanhou Copa do Brasil, Libertadores e Recopa e ganhou uma estátua na Arena, tamanha sua relevância.
Renato também goza de prestígio no Flamengo. Apesar das recusas recentes para assumir o time como treinador, o futebol apresentado no período como jogador ainda povoa o imaginário rubro-negro. As arrancadas, gols, provocações e títulos o colocam também como ídolo. Curiosamente, teve até mais passagens pelo time carioca do que o gaúcho: três contra duas.
Tita
Revelado pelo Flamengo, Tita participou da era mais vitoriosa do clube carioca e ainda atuou nos dois maiores títulos do Grêmio. Jogava tanto como meia quanto atacante e teve papel importante junto aos estelares Leandro, Zico, Júnior, Adílio e Andrade nos títulos do Brasileirão (1980 e 1982), Libertadores e Mundial (ambos em 1981).
Tita relembra a semifinal entre Flamengo e Grêmio na Libertadores de 1984
Em 1983 acabou emprestado ao Grêmio e, mais uma vez, levantou o torneio continental. E uma das suas atuações de maior brilho foi justamente contra o Flamengo. O meia abriu o placar no Maracanã com uma pintura sobre Raul na vitória por 3 a 1 fase de grupos, que lhe rendeu o prêmio de "Gol do Fantástico".
Tita voltaria em outubro ao Flamengo e não disputaria o Mundial pelo Grêmio. Quando Zico deixou o clube para atuar pela Udinese, assumiu a camisa 10. Ainda teria uma terceira passagem em 1990.
Alcindo
Ponteiro-direito arisco, Alcindo permaneceu no Flamengo entre 1986 e 1990. Cria da base, sofreu com a concorrência no setor, que tinha Bebeto e Renato Gaúcho. Mesmo assim ganhou o Módulo Verde a Copa União de 1987 e a Copa do Brasil em 1990. No ano seguinte, transferiu-se ao Grêmio. Esteve em duas temporadas em Porto Alegre e levou o Gauchão de 1993.
Achei: Alcindo, ex-jogador de Flamengo, Fluminense e Grêmio
Gaúcho
O centroavante que não primava pela qualidade técnica mas tinha muita força aérea. Cansou de fazer gols importantes em uma dupla de sucesso com Renato Gaúcho pelo Flamengo. Ainda marcou na vitória do título do Brasileirão de 1992. Revelado pelo time carioca, teve três passagens pela Gávea. No Grêmio atuou em 1985 e ganhou o Gauchão. Morreu em 2016, vítima de um câncer de próstata.
Morre gaúcho, ex-atacante e ídolo do Flamengo