O mais querido, o mais rico, o gigante, o estelar e sideral
Flamengo. É assim, cheio de adjetivos e superlativos que a imprensa chilena
retrata o time de Zé Ricardo, de Diego, de Guerrero e de milhões de apaixonados
no Brasil. Cinco anos depois de ser humilhado em dois confrontos contra a
Universidad de Chile do técnico Jorge Sampaoli, com direito a baile de 4 a 0 no
Engenhão e derrota pro 1 a 0 no estádio Nacional – os chilenos ainda
eliminariam o Vasco e seria campeões da Copa Sul-Americana em 2011 -, o time
carioca está em alta em Santiago. Dois dos maiores jornais da capital destacam
o poder econômico rubro-negro, coincidentemente em contraste com o Cobreloa, rival
histórico da Libertadores de 1981.
Fundado em 1977, o time de Calama, na região de
Antofagasta, norte do Chile, vive crise sem precedentes. Em abril do ano passado,
sofreu o primeiro rebaixamento da sua história – de boas participações no futebol local, dois vice-campeonatos
da Libertadores (o time laranja perdeu a final de 1982 para o Peñarol,
do Uruguai) e oito títulos nacionais. Na primeira tentativa de subir de volta à elite chilena, terminou em
quinto lugar e não saiu do lugar. Para esta temporada, contratou alguns jogadores, entre eles o brasileiro Vandinho, que passou pelo Flamengo em 2008. Aos 30 anos, o atacante é uma das esperanças de tempos melhores para o Cobreloa.
Hoje, pior que a crise política – o antigo presidente
Gerardo Mella renunciou por problemas de saúde há um mês e o atual Duncan Araya
acusa os antecessores de roubarem o clube – só mesmo a posição na tabela da
Segunda Divisão, com dois pontos somados em cinco partidas, a lanterna absoluta
e dívidas atrás de dívidas. Os funcionários dos
“zorros do deserto”, como são conhecidos, não recebem há quatro meses. A diretoria negocia
empréstimo de 400 milhões de pesos chilenos – cerca de R$ 2 milhões – para saldar compromissos do Cobreloa.
Ao jornal “El Mercurio”, ex-jogadores daquele time histórico
que rivalizou com grandes da América do Sul lamentam os tempos sombrios do
Cobreloa. Mario Soto, acusado por jogadores do Flamengo de agredir – inclusive com
pedra nas mãos – nas três partidas que decidiram a Libertadores de 1981, cobra “projeto
consistente” para reerguer a equipe, que teve 28 treinadores nos últimos 12
anos, de acordo com levantamento do periódico chileno.
Palestino sonha enfrentar Fla no Maracanã
Longe de Calama, em Santiago a surpresa tem nome: Palestino.
É o último sobrevivente do futebol chileno na Sul-Americana, que vai pagar R$
1,5 milhão para quem avançar às quartas de final da competição – US$ 450 mil
dólares. Na competição, eliminou o tradicional Libertad, do Paraguai, e o Real
Garcilaso, do Peru, sem perder uma partida – com duas vitórias sobre os
paraguaios, um empate e outro resultado positivo frente os peruanos.
O capitão da equipe é Agustín Farias, um meio-campista argentino
de 28 anos. Ao lado do ex-jogador do Figueirense Roberto Cereceda, ele traça estratégia
realista para enfrentar o Flamengo, sem esquecer de enaltecer Diego, Guerrero e
o compatriota Mancuello. Para o jogador, a marcação de “pressão alta” pode ser
facilmente batida pelos rubro-negros. Ele espera time de Zé Ricardo atrás de
pelo menos um gol como visitante.
O respeito ao Flamengo se explica pela diferença de folha
salarial. O clube brasileiro, com a chegada de Diego e outros reforços na
janela de transferência internacional, hoje é um dos mais caros do país – “um
jogador do plantel carioca pagaria toda a folha do elenco palestinista”, aposta
o texto do “El Mercurio”. Talvez por isso os jogadores chilenos até não se deem
conta que o time carioca não tem aliado importante.
– Já joguei na Bombonera, um dos estádios mais importantes do
mundo, e agora posso jogar no Maracanã, que todos têm na memória, um palco
histórico – diz o goleiro Darío Melo, ao jornal chileno “La Tercera”. Ele lembrava a derrota para o Boca por 2 a 0
na Libertadores do ano passado e se iludindo sobre a possibilidade de jogar no
Maracanã. O Flamengo vai confirmar o jogo de volta em Cariacica para o próximo
dia 28 de setembro.
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