Matheus Brum: “À espera de um milagre”

Olá, companheiros e companheiras do Coluna do Fla. Estamos, mais uma vez, de cabeça quente, devido a pífia partida do Flamengo ontem contra o Fluminense. O empate saiu barato. Qualquer um que tenha visto o jogo com o mínimo de atenção sabe que o tricolor teve mais chances, jogou melhor e merecia a vitória.

A péssima atuação demonstra que o trabalho de Jorge Jesus não será fácil. Na cabeça do português, que estava presente ao Maracanã, deve ter passado mil pensamentos sobre como fazer aqueles jogadores que estavam em campo se comportar como time.

Ao longo de todo o ano, tenho falado por aqui que o Flamengo precisa de conjunto. Que precisa atuar, de fato, como uma equipe. O que tínhamos com Abel Braga e continua com Marcelo Salles é um bando em campo. Graças a nossa competência administrativa, temos ótimos jogadores que, quando estão em grande dia, conseguem ser decisivos e trazer a vitória. Foi assim no Carioca, na Copa do Brasil, na Libertadores e no Campeonato Brasileiro. Mas, quando nenhum deles joga bem ou a marcação adversária encaixa, a tendência é fazer uma partida abaixo da média.

Contra um Fluminense extremamente bem treinado, o rubro-negro foi mal. Isso fica evidente nas estatísticas. Tivemos menos posse de bola (58,7% contra 41,3%), o que é raro, menos finalizações (17 contra 10), trocamos menos passes (567 a 281) e erramos mais (48 a 39). O mapa de calor abaixo mostra como o Fluminense soube ocupar muito mais o campo, trocando passes e, em alguns momentos, envolvendo o Flamengo.

mapa-calor-fla-x-flu-300x188 Matheus Brum: “À espera de um milagre”

Para tentar colocar pressão, Marcelo Salles tentou subir a marcação. Não deu certo. O time de Diniz conseguia sair tabelando, com tranquilidade. Com a marcação alta e sem compactação, o Flu trocava passes entre as linhas, sem a menor dificuldade, levando perigo para Diego Alves, que de novo foi o melhor jogador da partida.

Se na defesa, tínhamos problemas na marcação, o ataque era inefetivo. Diego passou o primeiro tempo sumido, assim como Gabigol, que pouco tocou na bola. Bruno Henrique estava mal e Everton Ribeiro dificilmente ganhava as jogadas individuais. A entrada de Berrío no segundo tempo, para dar velocidade, não surtiu efeito. Sem o controle da bola, o time não conseguia armar contra-ataques.

Em suma, se o Fluminense tivesse os jogadores do Flamengo, dentro do estilo de jogo que praticam, teria vencido com goleada.

Se nós, que vimos o jogo pela TV temos esta análise, imagina Jorge Jesus que estava in loco? Pois é, o português não deve ter ficado nada satisfeito. E sabe que na parada para a Copa América terá muito trabalho. O Flamengo precisa de tudo, a começar pelo mais básico: ser uma equipe.

O primeiro caminho é montar um sistema tático que explore ao máximo as características dos nossos atletas. Depois, moldar o modelo de jogo que permita um futebol ofensivo, mas sem problemas defensivos. Fazer com que o time “corra certo”, na hora de marcar e não ter o Cuéllar indo de um lado ao outro do campo, igual um maluco para cobrir falhas de marcação.

É preciso que pense mais na interação entre os jogadores, para que aconteçam jogadas ensaiadas, triangulações e infiltrações, para que a bola chegue no ataque com qualidade e em ótimas condições de finalização (até porque, até agora, Gabigol tem se mostrado um novo Guerrero: perde mais gol do que coloca a bola pra dentro).

O ano ainda não acabou. Mas é preciso uma ação urgente para que o segundo semestre não seja de decepção. E, como diz o mestre Johan Cruyff, “qualidade sem resultado é inútil. Resultado sem qualidade é entediante”. Sem os dois, temos o Flamengo!

Matheus Brum
Jornalista
Twitter: @MatheusTBrum

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Fonte: https://colunadofla.com/2019/06/matheus-brum-a-espera-de-um-milagre/

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