O Flamengo vai encontrar um pedaço da Palestina em seu próximo compromisso pela Copa Sul-Americana, semana que vem, em Santiago. Naquela que é conhecida como a maior colônia palestina fora do mundo árabe, o time rubro-negro vai encontrar um adversário que leva o nome, as cores, o dinheiro e até um jogador do país árabe. Dono de dois títulos chilenos (1955 e 1978), o segundo deles liderado pelo ex-zagueiro do Internacional Elías Figueroa, o Palestino trabalha para manter viva uma cultura que chegou à América do Sul há quase um século.
Veja a tabela da Copa Sul-Americana
– O Palestino envolve muita emoção e representa um povo inteiro que não tem voz. Manter a identidade palestina viva através do esporte, levantar a bandeira palestina no continente por meio do esporte, é algo simplesmente maravilhoso – disse certa vez o diretor da Federação Palestina do Chile, Anuar Majluf, em entrevista à AFP.
A história do Palestino começa poucos anos antes da sua fundação, e aqui vale explicar o contexto da época para explicar as origens do clube. Entre os séculos XIX e XX árabes fugidos do Império Otomano encontraram abrigo no Chile, que à época tinha uma política de receber imigrantes. Através do comércio de mercadorias e da indústria têxtil, os imigrantes superaram o preconceito e passaram a ganhar algum respeito com os locais. Até que em 1920 fundaram o o Club Deportivo Palestino em uma olimpíada de colônia, seguindo o caminho de instituições como Unión Española e Audax Italiano.
– O clube foi criado porque os chilenos não queriam que os palestinos jogassem em seus times. Então, quando criamos o clube, podíamos jogar e, pouco a pouco, fomos aceitos e nos integramos à sociedade chilena – explicou Anuar Majluf.
Dinheiro e até jogador da Palestina
As primeiras décadas do Palestino foram relegadas ao amadorismo, e só em 1952 veio a autorização para estrear na segunda divisão chilena. O acesso à elite não demorou muito, assim como o primeiro título nacional, em 1955. Nos anos 70, amargou o rebaixamento, mesmo assim foi essa a grande década da história do clube, com mais um título chileno, a participação inédita na Libertadores (com direito a vitória sobre o então campeão brasileiro São Paulo) e a contratação do ídolo Elías Figueroa.
Mais recentemente, o clube voltou a receber uma injeção financeira, que o levou de volta à Libertadores no ano passado. O patrocínio do Bank of Palestine (empresa situada no país árabe que começou a colocar dinheiro no clube em 2009) ainda reforçou os laços com o país de origem. Inclusive, o banco indicou a contratação do meia palestino Shadi Sha’aban (nascido em Israel, mas naturalizado) após um amistoso no início do ano.
Laços que vão além do verde, branco e vermelho que unem as cores da bandeira e do escudo dos dois lados. Até o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, disse certa vez que o time é considerado uma espécie de segunda seleção nacional. Recentemente, o mapa da Palestina foi parar no uniforme do clube (em formato de número 1), o que causou uma polêmica com a comunidade judaica no Chile.
Comunidade grande, torcida pequena, time razoável
Não há números precisos da quantidade de palestinos vivendo hoje em dia no país sul-americano. Mas eles vão de 350 a 400 mil, o suficiente para ser considerada a maior colônia palestina fora do mundo árabe. Isso não quer dizer que o Flamengo deve esperar um caldeirão em Santiago. Na última quinta-feira, o Palestino se classificou ao derrotar o Real Garcilaso com as arquibancadas vazias (o duelo foi no Monumental David Arellano, casa do Colo-Colo), e a tendência é que a situação se repita na próxima quarta-feira.
Quanto ao time, também não há motivo para a equipe de Zé Ricardo se preocupar em demasia. O elenco é razoável e só. Nono colocado no atual Campeonato Chileno, com oito pontos em seis jogos, o Palestino chegou às oitavas de final da Sul-Americana com merecimento, é bem verdade, mas passou por um adversário que não ofereceu muita resistência na fase anterior.
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